segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Construtoras desabam após corte no "Minha Casa, Minha Vida 2"

As ações do setor de construção civil reagiram de forma negativa ao detalhamento do corte do Orçamento da União de 2011, da ordem de R$ 50 bilhões, que reduziu em R$ 5 bilhões os recursos previstos para o programa "Minha Casa, Minha Vida 2" este ano.
Segundo Miriam Belchior, ministra do Planejamento o corte no Ministério das Cidades se deve a uma readequação dos recursos para a segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida. Antes, pela Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada pelo Congresso Nacional, estavam previstos gastos de R$ 12,7 bilhões.
"De fato é uma redução grande, que se deve a emendas e a um ajuste no Minha Casa, Minha Vida, porque o Congresso ainda não aprovou o projeto de lei que cria a segunda fase. Temos uma previsão de que isso só ocorra em abril ou maio, por isso não teremos um ano cheio da segunda fase do programa", disse. De acordo com a ministra, o programa habitacional do governo terá R$ 7,6 bilhões em recursos em 2011, R$ 1 bilhão a mais que o disponível em 2010.O anúncio ocasionou uma queda generalizada entre os papéis de construtoras e incorporadoras na tarde desta segunda-feira, levando o índice setorial imobiliário (Imob) a despencar 2,9%. Às 16h08, as ações da MRV Engenharia, principal beneficiada pelo programa do governo, em decorrência d e sua forte atuação no segmento econômico, lideravam as perdas do setor, com queda de 5,88%. Rossi Residencial, Cyrela Brazil Realty, Gafisa e Brookfield Incorporações recuavam entre 2,6% e 4,2%. Enquanto isso, a PDG Realty, maior construtora e incorporadora do país, cedia 3,8%, maior queda desde 17 de fevereiro de 2009.
No mesmo instante, o principal índice acionário brasileiro, Ibovespa, que reúne as ações das seis construtoras com maiores baixas operava em baixa de 0,09%. "Isso levanta dúvidas sobre o modelo de financiamento do programa. O modelo dessas companhias está muito baseado em subsídios do governo, o que deixa o mercado apreensivo", disse Oliver Leyland, gestor com US$ 1,1 bilhão sob administração na Mirae Asset Global Investments.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão, lamentou os cortes. "Essa informação nos surpreende porque o governo dizia que não ia cortar nada dos programas que estavam em execução", comentou.O "Minha Casa, Minha Vida" foi lançado pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de março de 2009, com subsídios da ordem de R$ 34 bilhões. O programa - voltado a famílias com renda de até 10 salários mínimos - foi apresentado em meio à crise econômica global, com intuito de reduzir o déficit habitacional do país e também fortalecer a economia e gerar empregos. Um ano epois, em março de 2010, ainda com a primeira etapa em curso, foi anunciado o "Minha Casa, Minha Vida 2", com previsão de 2 milhões de moradias contratadas até 2014 e subsídios do governo acima de R$ 70 bilhões.

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