quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Só nas absolvições de Renan Senado esteve completo

O site Congresso em foco mostra que na última legislatura, só em duas únicas ocasiões, todos os senadores estiveram presentes para votar, foram exatamente nas duas sessões que absolveram o cangaceiro alagoano Renan Calheiro. Não se sabe se foi corporativismo ou medo dos dossiês que o senador alagoano reuniu dos seus pares.


PIZZA PRESTIGIADA - Todos os 81 senadores compareceram para degustar a indigesta pizza do Senador alagoano
Fontes: Congresso em Foco, Veja

Num texto de Renata Camargo e Edson Sardinha, o site Congresso em Foco, diz que “Somente duas das 430 sessões ordinárias reservadas a votação nos últimos quatro anos reuniram todos os 81 senadores: foram aquelas em que o plenário livrou da cassação o ex-presidente da Casa Renan Calheiros (PMDB-AL). Em toda a legislatura, o Senado só esteve completo nas sessões deliberativas realizadas nos dias 12 de setembro e 4 de dezembro de 2007, quando o plenário derrubou dois pareceres do Conselho de Ética que recomendavam a cassação do peemedebista por quebra de decoro parlamentar.

Depois da primeira absolvição, as vésperas da segunda, a revista Veja, publicou um artigo que falava da chantagem dossiê montada pelo Senador Renan Calheiros, que explicava como ele conseguia ser absolvido sempre em terreno e tempos tão hostis:
Ilustração Revista Veja- Fotos José Cruz/ABR, Rafael Neddermeyer e Andre Dusek/AE
Segundo a Veja, Renan Calheiros montou seu dossiê com informações comprometedoras contra os colegas usando a estrutura funcional do Senado – atitude indecorosa que, sozinha, já seria causa para abertura de um processo administrativo contra Calheiros. Logo após a revelação de que ele tinha as despesas pessoais pagas por um lobista de empreiteira, o senador começou a preparar sua artilharia de defesa. Convocou a seu gabinete o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, a secretária da Mesa, Cláudia Lyra, e o primeiro-secretário, senador Efraim Morais e distribuiu tarefas de coleta de dados sobre os companheiros senadores com o propósito de montar dossiês.

Em um computador, Renan acrescentou aos arquivos dados de sua própria memória das relações com o governo, em que não faltam histórias de favores, nem sempre lícitos, prestados a alguns colegas. A munição reunida, segundo assessores do presidente, poderia levar um terço dos senadores ao Conselho de Ética. Seria um trunfo para Renan provar que não é pior do que ninguém no Senado.

Pelo menos dez senadores do PSDB e do DEM teriam votado, na primeira votação, pela absolvição de Renan Calheiros motivados pelo que consta sobre eles nas fichas do presidente do Congresso. Agora, o arsenal está apontado para a testa dos petistas que ameaçam se rebelar.

Além de Tião Viana, outros três senadores do PT estão na mira de Renan. O ex-líder do governo, Aloizio Mercadante, surpreendeu todos ao pedir votos contra a cassação do presidente do Congresso. Mercadante tinha lá seus compromissos com o governo, mas Renan deu uma ajudazinha. Fez chegar a Mercadante a notícia de que ele guarda reminiscências de uma certa reunião ocorrida no fim do ano passado, logo depois da eleição presidencial, da qual participaram, além do próprio Renan, líderes do PSDB e do Democratas. Mercadante teve assessores envolvidos no escândalo do chamado "dossiê dos aloprados", e a oposição queria pedir a abertura de um processo contra ele no Conselho de Ética. Com sua habilidade negocial, Renan conseguiu convencer os líderes a desistir da idéia. "Ele pode estar usando isso contra mim, mas nunca lhe pedi que me defendesse. Não fui denunciado, não existe nenhuma prova do meu envolvimento", diz Mercadante.

Ideli Salvati, subserviente fidelidade canina a Renan Calheiros (que nos perdoem os caninos)
Na ficha que Renan guarda sobre a senadora petista Serys Slhessarenko está registrada outra história de gratidão. Serys foi apontada como um dos parlamentares envolvidos na máfia dos sanguessugas. Seu genro, funcionário do gabinete em Brasília, recebeu dinheiro da empresa beneficiada com verbas do Orçamento liberadas a partir de emendas apresentadas pela senadora petista. Renan articulou com sucesso para livrar a senadora de um processo de cassação e nunca revelou os detalhes do que sabe sobre o envolvimento dos petistas com os sanguessugas.

A líder do partido, Ideli Salvatti, uma canina defensora de Calheiros, é o alvo mais precioso das ameaças do senador. Renan já mandou dizer à senadora que instalará a CPI das ONGs assim que Ideli ou o PT derem sinal de que mudaram de lado. Ideli tem ligações umbilicais com petistas de ONGs envolvidas em desvios e financiamentos irregulares de campanhas em Santa Catarina, seu berço político. Na semana passada, em reunião da bancada do PT, oito dos doze senadores do partido defenderam que se fizesse uma manifestação formal pelo afastamento de Renan. Mas Ideli, ainda exercendo o papel de diligente defensora de Calheiros, convenceu os colegas a desistir da proposta em nome da "paz no Senado". Um confronto verdadeiro do PT com Renan Calheiros seria letal para o senador. Mas os senadores do PT não estavam dispostos a pagar o ônus para suas imagens que a artilharia de Renan podia provocar. E ele acabou saindo "ileso" dos escândalos e parece mais poderosos que nunca.

Tanto que Renan Calheiros faz parte do acordo feito com a Presidenta, Dilma Rousseff e o PMDB, garantido que ele sucederá o mafioso José Sarney, em 2012, na presidência do Senado. Será que ele tem também um dossiê Dilma Rousseff?

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