terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Julian Assange, o exterminador da diplomacia

O jornal inglês Herald Tribune citando a publicação de 250 mil telegramas confidenciais do serviço diplomático dos Estados Unidos, no site WikiLeaks, pergunta se isso não é “o fim da diplomacia como a conhecemos?” O australiano, Julian, responsável pelo portal, escondido em algum lugar do Reino Unido, sofre ameaças de morte e tem um pedido de captura na Interpol, acusado por abuso sexual a duas mulheres, na Suíça. O governo americano está enfurecido com as inconfidências expostas, enquanto pede desculpas aos aliados pelos comentários desairosos feitos por seus diplomatas, ao longo dos últimos anos


O australiano Julian Assange diz que quer “reformar a civilização”, com o seu site WikiLeaks. Numa entrevistas, afirmou que tem um prazer especial em “esmagar canalhas” e que "o mundo ficará melhor" com a divulgação dos telegramas diplomáticos dos EUA. Avisa que algo acontecer a ele, os arquivos, ainda inéditos, serão publicados automaticamente

Fontes: Interpol, Revista Época, Notícias 24 horas, Portal Terra, I online, G1, Estadão, Portal Terra, G1, Midia Global, Revista Época, Estadão, Público, AFP, Pravda, The Guardian

Quando em abril site WikiLeaks divulgou um vídeo com áudio, que mostrava o ataque equivocado, a partir de um par de helicópteros Apaches do Exército americano, a um grupo de pessoas em Bagdá, confundidos com rebeldes, em julho de 2007, o responsável pelo portal o australiano Julian Assange, 39 anos tornou-se uma celebridade mundial instantânea, apesar de demonizado pelos Estados Unidos. Numa matéria o correspondente da revista Época em Londres, o chamou de “O anjo vingador da internet”.

O video mostrava os helicópteros americanos disparando sobre um grupo matando 12 e ferindo dezenas de outras. Entre os mortos estavam dois funcionários da agência de notícias Reuters; os fotógrafos iraquianos Namir Noor-Eldeen, 22 anos, e seu assistente Saeed Chmagh, 40 anos. As câmaras dos fotógrafos foram confundidas, pela tripulação do Apache, com um lança-granadas e todos que seguiam pela rua, em Bagdá naquele instante, foram tomados como “insurgentes”. Em dois dias, o vídeo já tinha sido vista mais de 4 milhões de vezes no YouTube e suscitara questionamentos sobre um sem-número de temas, da guerra em si e do papel dos Estados Unidos no mundo moderno ao jornalismo investigativo na era digital.

Dizia-se que Julian Assange era um hacker, e é possível que o seja, embora agora sabe-se que ele pode não ter precisado entrar ilegalmente em qualquer portal do governo americano, para ter acesso ao material que anda divulgando, que teria sido oferecido por fontes americanas. (Sabe-se que o soldado americano, Bradley Manning, está preso a espera de julgamento, por ter sido o responsável pelo vazamento do vídeo).

Desde quinta-feira, o servidor norte-americano Amazon Web Services se recusou a continuar hospedando a página Wikileaks, a página aparece agora em varios países, reproduzidos por admiradores do australiano. Na Suiça, Alemanha, Finlândia e Holanda
Até agora o site Wikileaks é responsável pelo vazamento de mais de 450 mil telegramas confidenciais do serviço diplomático dos Estados Unidos, segundo Julian Assange, acusado de ser um terrorista da diplomacia, diz que a "História vai vencer" o "jogo" que ele começou a disputar ao colocar o site no ar, enfrentando a campanha do governo americano contra ele.

Questionado pelos leitores do site do jornal britânico The Guardian - que tem publicado, na Inglaterra, com exclusividade, os documentos vazados - quais as alternativas sua organização possui para duelar com grandes potências como os Estados Unidos, ele mostrou que está disposto a ir até o fim.

Assegura que, além das organizações jornalísticas que têm publicado os telegramas diplomáticos, 100 mil pessoas receberam os arquivos encriptados do chamado "Cablegate", como é conhecido o escândalo, e que "se alguma coisa acontecer" com ele e outras pessoas da organização, "as informações-chave serão publicadas automaticamente". O mundo será elevado a um lugar melhor. Nós sobreviveremos? Isso depende de vocês", afirmou.


No portal da Interpol, o aviso de que ele é procurado internacionalmente, por crimes sexuais
Assange falou também sobre o fato de estar foragido. “As ameaças contra nossas vidas são assunto de conhecimento público”. Na terça-feira (30), dois dias após o início da divulgação dos documentos, a Interpol emitiu um mandado de busca para a prisão do australiano, procurado na Suécia sob acusação de estupro e abuso sexual. Ele diz que é armação, mas desde então está foragido e pode até ser preso na Inglaterra, onde parece estar escondido.

Sob os riscos de morte, disse ter recebido milhares de ameaças, de soldados americanos, segundo supõe. Mais figurões também querem ver o australiano morto: o canadense Tom Flanagan, ex-conselheiro do premiê do Canadá, Stephen Harper, afirmou exageradamente que Assange “deveria ser assassinado.

Especialistas minimizam a importância dos vazamentos do WikiLeaks. Alguns chegam a dizer que a maioria das coisas, apesar de vexatórias, não trazem novidades de como os Estados Unidos relacionam-se com o mundo.

Algumas fofocas e indiscrições diplomáticas vão sendo divulgadas com mais destaques que os tais segredos de estado. Por exemplo, a saia justa em que se encontra Hillary Clinton, citada de forma vexatória em muitos documentos. Hillary para amenizar os estragos, ligou para funcionários de quase uma dúzia de países, entre os quais a China, Alemanha, França, Afeganistão, Grã-Bretanha, Arábia Saudita, Canadá e Libéria.
Foto: Reuters
Hillary com Kirchner em Buenos Aires em março deste ano, risonha e curiosa sobre o estado mental da presidente argentina
Mas o caso mais comprometedor foi o documento que revela que o Departamento de Estado pediu à embaixada em Buenos Aires para verificar o "estado de saúde mental" da presidente Cristina Fernández de Kirchner da Argentina.

Sobre o Brasil os documentos não dizem nada de importante e acenam com pequenas novidades, que de uma maneira ou outra já eram de conhecimento público.

Desvendou apenas que o Ministro, Nelson Jobim, da Defesa como um informante do governo americano. O então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, que considera Jobim um dos mais confiáveis líderes brasileiros, sob o ponto de vista dos americanos, teria ouvido do nosso ministro da Defesa que o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Guimarães, "odeia os Estados Unidos" e estava tentando criar problemas na relação entre os dois países.

Embaixada dos Estados Unidos Brasília


Embaixador Clifford Sobel e a embaixatriz Barbara Sobel recebem o ministro Nelson Jobim na festa comemorativa de 233 anos da Independência dos EUA, na embaixada, em Brasília
O embaixador também relata uma conversa do comandante da FAB, Juniti Saito, sobre a licitação da compra dos caças para a Força Aérea Brasileira, indicando que o brasileiro preferia o modelo americano ao francês. "Voamos no equipamento americano há décadas e sabemos que é confiável e que sua manutenção é simples e oferece bom custo/benefício por meio do sistema de vendas militares externas”, diz a declaração atribuída a Saito.

No mais se fala de que o Brasil o governo americano considera o Itamaraty como um adversário, com inclinações antiamericanas.

Afirmam que a Polícia Federal brasileira prendeu muitas vezes pessoas que tinham ligações com o terrorismo, mas os acusou de crimes que não eram relacionados ao tema para evitar "estigmatizar a comunidade muçulmana do Brasil” ou prejudicar a imagem do território como um destino turístico. Embora a comunidade muçulmana no Brasil seja formada majoritariamente por integrantes moderados, o país abriga "elementos radicais genuínos", alguns na região de Foz do Iguaçu (PR) a chamada tríplice fronteira e outros em São Paulo.

Veja tudo que foi publicado no WikiLeaks sobre o Brasil, no site G1


O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, O Batman, declarou que não esperava tanta "arrogância, grosseria e falta de ética" por parte dos diplomatas americanos em uma entrevista a Larry King na CNN.
Com os russos a coisa ficou quente pois segundo o WikiLeaks, diplomatas americanos disseram que Putin e Medvedev são "Batman e Robin" e a Rússia é um "estado mafioso". O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse a seu colega francês que "a democracia russa desapareceu e o governo é uma oligarquia dirigida pelos serviços de segurança".

O WikiLeaks divulgou, também, a opinião dos Estados Unidos sobre alguns líderes mundiais:

Hugo Chavez: - Segundo os documentos divulgados, o conselheiro presidencial francês, Jean-David Lévitte, disse ao vice-secretário americano, Philip Gordon, que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está "louco" e que até mesmo o Brasil não podia apoiá-lo.

Nicolas Sarkozy:- A embaixada dos Estados Unidos em Paris acredita, segundo os documentos, que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, é "suscetível e autoritário", destacando suas críticas a colaboradores.
Foto: Getty Images
Berlusconi exausto pela ativa vida noturna
Silvio Berlusconi: - O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi descrito por um diplomata como "irresponsável, vão e pouco eficaz como líder europeu moderno". Outro documento o descreve como "frágil física e politicamente", que não descansa apropriadamente por causa das festas que dá até altas horas da madrugada.

Angela Merkel:,- Um documento divulgado, considera a chanceler alemã, Angela Merkel, "contrária à tomada de riscos e raramente criativa". Seu ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, teria uma "personalidade exuberante", mas pouco conhecimento de política externa.

Hamid Karzai:- Um outro documento divulgado descreve o presidente afegão, Hamid Karzai, como "extremamente frágil" e passível de acreditar em teorias conspiratórias; Karzai mantém uma relação difícil com o presidente americano, Barack Obama.

Ahmed Wali Karzai:- Segundo outro documento, diplomatas americanos acusam Ahmed Wali Karzai, irmão do presidente afegão, Hamid Karzai, de "corrupto e envolvido no tráfico de drogas".

Ban Ki-Moon:- Em outro documento, um cabo endereçado a diplomatas dos EUA emitido sob o nome da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que se coletem informações "biográficas e biométricas" de funcionários-chave da ONU - como o secretário-geral, Ban Ki-Moon.

Benjamin Netanyahu: - Um dos documentos diz que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é "elegante e charmoso", mas nunca cumpre as suas promessas, de acordo com um cabo de Cairo relatando um encontro com o presidente Hosni Mubarak, que acrescentou: "Eu disse isso a ele pessoalmente".
Foto: Facebook
Kadafi e Galyna Kolotnytska, a essencial e sexy enfermeira ucraniana, que no seu Facebook diz amar homens de uniforme.
Muammar Kadafi:- Um texto divulgado diz que o líder líbio, Muammar Kadafi, é "quase obsessivamente dependente de um pequeno núcleo de funcionários de confiança" e aparentemente não pode viajar se não o fizer acompanhado de uma "voluptuosa" enfermeira ucraniana.

Mahmoud Ahmadinejad:- Já o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, é tratado como "Hitler" em documentos divulgados.

Ali Abdullah Saleh:- O presidente do Iêmen, foi chamado de "entediado e impaciente" durante um encontro com John Brennan, assessor de segurança nacional de Barack Obama, segundo relatórios divulgados.

Robert Mugabe: - O presidente do Zimbabwe, é chamado de "velho louco" por Maite Nkoana-Mashabane, ministra das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana.

Rei Abdullah: - De acordo com relatórios, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, tentou repetidamente convencer os EUA a atacarem o Irã para pôr fim ao programa de armas nucleares iraniano.

Julian Assange está com dificuldades de manter que quer “reformar a civilização”, com o seu site WikiLeaks. Sua prisão pelos crimes sexuais pode acontecer a qualquer momento e seu portal pode acabar desaparecendo da Internet.

Enquanto isso anunciou que o seu site pode publicar a qualquer momento documentos secretos sobre um importante Banco Americano, o que fez as ações das principais instituições financeiras americanas terem queda nas bolsas. Avisa também que publicará noticiário diplomático sobre extraterrestres, que promete ser eletrizante.

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