domingo, 14 de novembro de 2010

ELEIÇÃO DA AMB: ATOR DA GLOBO CONTRA MAGISTRADO

Alberto Luchetti*

"A disputa eleitoral para a presidência da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), entidade que congrega juízes e desembargadores de todo o país, tem apresentado características singulares. O atual presidente da entidade, Mozart Valadares, juiz de direito, viveu e vive à frente da entidade de classe uma verdadeira paranóia midiática, uma psicose caracterizada por um orgulho exagerado e um egoísmo que chega às raias do absurdo.

Mozart Valadares não perde uma oportunidade para aparecer, e na maioria de suas manifestações só se presta a desagregar a magistratura, macular a imagem do magistrado, incitar o público contra a classe, quando tinha a obrigação de defendê-la, como órgão de classe que é. Neste momento em que a magistratura precisa de respeito, união, força, as manifestações deste presidente têm servido apenas para adular, lisonjear baixa e servilmente, os menos avisados, e também para tentar dar prestígio popular ao seu candidato.

Nos debates realizados entre os dois magistrados que disputam a sucessão de Mozart Valadares, o candidato Gervásio Protásio Santos, que representa a situação, e o candidato Nelson Calandra, da chapa Novos Rumos, representante da oposição, adotam posições completamente antagônicas. Enquanto Gervásio assume o papel de Mozart, como ator que causaria preocupação ao artista Tony Ramos da novela 'Passione' da Rede Globo de Televisão, Nelson Calandra fala como um verdadeiro magistrado a seus pares.

Outro aspecto que caracterizou essa disputa eleitoral classista foi o uso da máquina. Mozart utiliza toda a estrutura e todos os recursos financeiros de sua entidade para eleger o seu candidato Gervásio Santos. Os dois criticaram, publicamente, juízes e desembargadores por participarem de congressos patrocinados e saíram com destaque e elogios da mídia, mas pediram depois desculpas a toda a magistratura, culpando a imprensa que não entendeu suas declarações. Essa atitude desprezível de Mozart e de seu candidato Gervásio lembra a postura da pessoa sem moral, infame e velhaca. Que acusa publicamente e sempre pede desculpa no particular.

Mozart criticou, na Folha de S. Paulo e no site Consultor Jurídico, que o encontro da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), na Bahia, "dá a conotação de lazer e diversão" da magistratura. Mas realizou neste final de semana um encontro semelhante, em Aracaju, com uma plateia de apoiadores de Gervásio, para tentar conseguir manter na presidência da AMB esse mesmo grupo de atores e não de magistrados.

Gervásio e Mozart fazem o uso midiático e o uso da máquina da AMB para jogar com a opinião pública e com a população, esquecendo que representam uma categoria de classe e que deveriam se preocupar com os interesses da categoria que representam. Ao líder de uma entidade, cabe o papel mais evidente de defender a sua coletividade, a sua comunidade e não o que faz Mozart e seu candidato Gervásio, que só contribuem para a desunião da magistratura brasileira, com posturas incoerentes e oportunistas.

Como jornalista e comunicólogo, vejo hoje a AMB dirigida por um ator que nunca disputara os principais papéis de uma simples produção de novela, chamado Mozart Valadares que quer eleger um aliado de menor importância ainda, apresentado como Gervásio Protásio. Cabe aos senhores juízes e desembargadores saberem o que é melhor para a categoria. Ou votar num ator de segundo escalão da Rede Globo ou num magistrado de respeito. A escolha é dos senhores. E as consequências também".

(*) Alberto Luchetti é jornalista e comunicólogo.
http://blogdoluchetti.blogspot.com

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