sábado, 29 de maio de 2010

Começar de novo: uma chance para os egressos

De José Pastore, professor aposentado da Faculdade de Economia e Administração da USP: "Assim como as empresas são valorizadas quando contratam um portador de deficiência, com o tempo elas serão valorizadas ao contratar um egresso".

Do jurista Dalmo Dallari: "Lamentavelmente, subsiste a concepção de que os presidiários são indivíduos desajustados e perturbadores da ordem social".

Pastore e Dallari foram ouvidos pela revista "Época", em reportagem de Eliseu Barreira Junior, que trata da vida de detentos que conseguiram empregos em órgãos públicos ou empresas.

Entre os exemplos citados, há um pernambucano de 42 anos, condenado a 13 anos de prisão por envolvimento com tráfico de drogas. Há três meses ele cumpre pena em regime aberto. Formado em filosofia, trabalha desde abril de 2009 no Museu da Memória Institucional do Supremo Tribunal Federal.

"Quando criamos o projeto, confesso que tive um certo receio", afirma à revista Amarildo Oliveira, secretário de Recursos Humanos do STF. "Com o tempo percebi que não havia nada que contraindicasse a medida."

O projeto "Começar de novo" nasceu ao lado dos mutirões carcerários, criados em agosto de 2008 pelo Conselho Nacional de Justiça, na gestão do ministro Gilmar Mendes.

Em março deste ano, o CNJ apresentou ao Congresso Nacional uma proposta de incentivo fiscal a empresas que contraterem ex-detentos.

Segundo a revista, do total de condenados, só 1,7% participa de programas de trabalho externo na iniciativa privada. A taxa cai para 0,5% no caso de órgãos públicos.

Ao menos sete em cada detentos que são soltos voltam para a prisão. Dados da Secretaria da Administração Penitenciária, em São Paulo, revelam que 80% dos ex-detentos que conseguem trabalho deixam de reincidir no crime.

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