Após trazer à baila o tema acerca da cobrança das esquecidas taxas
e contribuições de melhoria, o Governador Cid Gomes cogita
ressuscitar as Ordenações Pombalinas, na tentativa de incluir na
educação cearense o caráter crítico, racional e artístico,
típicos do Iluminismo, de que o Marques de Pombal era declarado
defensor. “Pombal é tudo de bom!”, afirmou o mandatário,
enquanto passava em revista a tropa dos novos policiais do Programa
Ronda do Quarteirão, que concluíram o treinamento na Academia e já
estão à disposição dos assaltantes.
Insensível aos apelos dos mais coerentes, o governador se mostrou
irredutível quanto à cobrança da contribuição de melhoria, que
vem tirando o sono dos fortalezenses, sobretudo aqueles que, a
exemplo das pombas, moram nas alturas. É que, conforme o projeto dos
Ferreira Gomes, quanto mais alto morar o contribuinte, maior será o
percentual que incidirá sobre o IPTU. Ou seja, quem reside no sexto
andar de um prédio, pagará 50% a mais que aquele que mora no
primeiro andar do mesmo edifício. “Só quem não vai pagar o IPTU
é o tatu”, protestou o Deputado Heitor Ferrer & Fogo.
Empreendedoras, as construtoras cearenses já desenvolvem projetos
para a construção de condomínios subterrâneos, de forma que,
quando mais enterrada a unidade residencial, menor será o valor do
tributo. “Em fevereiro estaremos lançando nosso complexo
subterrâneo TATU LEVE, com excelentes apartamentos, abaixo da crosta
terrestre, com água aquecida naturalmente e conexões tigre. Os
jardins invertidos formados pelas raízes das árvores acima, terão
espaços para os moradores passearem com seus tatus, pebas, cobras e
minhocas de estimação”, assegurou o empresário José Carlos
Pontes & Viadutos.
“Ainda pretendo fazer muitas outras reformas, como o Pombal fez em
Portugal e revolucionou toda uma era. Estou fazendo uma releitura das
Ordenações Pombalinas e, se me encherem o saco, vou pombalizar
tudo!!!!”, bradou o gestor público, para em seguida, mais
tranquilo, revelar: “Quero deixar uma obra para ser lembrado para a
posteridade. Afinal, quando eu morrer/não quero choro e nem
vela/quero um fita amarela/e um funeral como o Mandela”.
Ao tomar conhecimento das declarações de Cid Gomes de Orleans e Bragança, Chico Buarque recolheu-se para uma reflexão de seu Fado Tropical...
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no
sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é
claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar,
esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente
chora..."
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