sábado, 23 de abril de 2011

Caio Blinder ofende a rainha Rania da Jordânia

O jornalista Caio Blinder, durante o programa "Manhatan Connection", da Globo News chamou a rainha Rania da Jordânia, e outras mulheres de chefes de estados do mundo árabe de "piranhas", por várias vezes. A embaixada da Jordânia no Brasil protestou e ameaçou processar a Globo. O programa e o próprio jornalista se desculparam na edição seguinte do programa querendo encerra o caso. "Manhatan Connection" e Caio Blinder, merecem perdão?
Foto: Divulgação
ERRANDO FEIO - Luca Mendes, o editor, e Caio Blinder, o comentarista, no "Manhatan Connection". .

Fontes: Portal Imprensa, Uol Notícias, Folha de São Paulo, The TelegraphR7

Tanto inexplicável como injustificável, o comentário lamentável do jornalista Caio Blinder, numa de suas participações programa "Manhatan Connection", da Globo News, no dia 3 de abril, deve ser rechaçado com toda a veemência. Irresponsavelmente, por mais de uma vez, tachou algumas primeiras damas, de chefes de estado do mundo árabe de “piranhas”. Entre elas citou nominal a rainha Rania Al Abdullah, da Jordânia.

"Politicamente, ela [Rania] e as outras piranhas são intragáveis. Todas elas têm uma fachada de modernização desses regimes - ou seja, não querem parecer que são realeza parasita e nem mulher muçulmana submissa. Isso é para vender para o Ocidente, enquanto os maridos estão lá, batendo e roubando", declarou Blinder.

Caio Blinder jamais vai conseguir se retratar o suficiente
Não fosse a intervenção do economista Ricardo Amorim, um dos integrantes do programa, que discordou das acusações que Caio fazia as primeiras damas, a coisa tinha ficado mais feia e sem arremedos. Sem mencionar a palavra “piranhas” usada pelo companheiro de programa, Amorim disse que elas não poderiam ser crucificadas pelos que seus maridos faziam e que os ditadores árabes só estavam no poder, porque o ocidente apoiava. Mantendo sua linha de mau gosto, Caio debochou do companheiro dizendo que não se podia falar em crucifixão quando se tratava de mulher árabe, que Amorim deveria falar em “apedrejamento”.

Diante da repercussão negativa Caio Blinder deu entrevista ao portal imprensa da UOL onde afirmou que considerava o episódio superado, para ele pelo menos.

"Eu sabia que a gente tinha feito uma besteira, mas já acabou essa história pra mim.” Houve a retratação, no ar, de Lucas Mendes, editor-executivo do 'Manhatan', e apresentador, pedindo desculpas, em nome do programa, pelo termo ofensivo de Caio Blinder, dizendo que estava dando literalmente “as mãos à palmatória”.

Caio em sua defesa até disse que não é de seu "feitio ofender pessoas", e que não costuma se referir às mulheres com termos chulos.

"Não me refiro às mulheres como piranhas, sejam elas árabes judias, esquimós...E não é uma questão política. Aliás, eu faço críticas políticas; não a pessoas. Eu errei e estou pedindo desculpas", tentou finalizou.

Em 1997 o programa viveu polêmica semelhante, quando Paulo Francis - comentarista ao lado de Mendes, Blinder e Nelson Motta - defendeu no ar a privatização da Petrobras e acusou seus diretores de possuírem 50 milhões de dólares em contas na Suíça. Francis se retratou, mas foi processado pela estatal em 100 milhões de dólares, e iniciou um embate indireto com o diretor da empresa, Joel Rennó. Poucas semanas depois, Francis morreu devido a um ataque cardíaco.
Foto: Blog Queen Rania
Rania, pela sua importância social e política só é merecedora de elogios e respeito
A polêmica atual gerou um protesto formal do embaixador da Jordânia no Brasil, Ramez Goussous, contra o comportamento do jornalista, apoiado por outros 17 embaixadores sediados em Brasília. O governo brasileiro vai se desculpar encaminhando junto inclusive correspondência dos dois jornalistas envolvidos, Lucas Mendes e Caio Blinder, que espontaneamente reconheceram o erro e pedem desculpas formais, depois das apresentadas durante o programa.

A embaixada exige retratação de Blinder durante o programa e ainda ameaça processar a Rede Globo. A Jordânia recebeu o apoio de outros 17 embaixadores, Assíduos telespectadores do programa e admiradores do jornalista Caio Blinder, vez por outra até transcrevemos no “thepassiranews” as sua matérias publicadas no “Blog ligado a Editora Abril, vamos continuar vendo o programa e lendo e transcrevendo quando acharmos conveniente os textos de Caio Blinder, mas não o perdoamos, não os desculpamos.

Jornalistas experientes como eles, não podem cometer desatinos dessa envergadura. Ferir irresponsavelmente a dignidade das pessoas e depois pedir desculpas e dá o caso por acabado é muito conveniente, para eles. Por outro lado, eles tiveram a chance de evitar esse vexame: o programa é gravado, apesar do clima de um debate ao vivo, e poderia ser editado suprimindo a palavra “piranha”, repetida indevidamente tantas vezes
Rania Al Abdullah
A rainha Raina é um daquelas mulheres que iluminam o ambiente com sua chegada. Não porque é bela, embora o seja, mas como ser humano, mãe, esposa e mulher do seu tempo. Impô-se num ambiente adverso e abriu um caminho importantíssimo para que as mulheres árabes-mulçumanas tivesse mais espaço, merecesse mais respeito e pudesse opinar. A história vai lhe reservar o espaço destinado aos libertadores.

Foto: Arquivo
Rania Al Abdullah, 40, nasceu no Kuait, filha de palestinos, recebeu uma educação ocidental e se formou em administração de empresas pela American University, do Cairo, em 1991. Veste-se com elegantes estilistas e figura carimbada nas páginas de revistas de celebridades do país e do exterior.

Casou-se em 1993 com o rei Abdullah 2º [que só assumiu o trono em 1999, após a morte do pai] com quem tem quatro filhos.

Rania já foi eleita pela revista “Vanity Fair” uma das mulheres mais bem vestidas e uma das mulheres mais poderosas do mundo, pela “Forbes”.

A popularidade da rainha dentro e fora da Jordânia está relacionada ao seu envolvimento em ações humanitárias, o que lhe rende comparações à britânica princesa Diana. Ela é embaixadora do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e envolvida em campanhas em defesa das mulheres e sua inserção na sociedade por meio da educação.

Em 2008, Rania lançou seu canal no YouTube em um movimento contra estereótipos e preconceitos nos mundos islâmico e árabe. Tem, desde 2009, um Blog, onde posta vários comentários – sobre o país e o governo do seu marido e esclarecimentos sobre a religião mulçumana, muitas vezes, erroneamente confundida, como apoiadora de atos terrorista.

Rania é uma extraordinária ligação consciente de dois mundos. Sua atuação no cenário internacional beneficia e aproxima o mundo árabe e o ocidente.

Um bafômetro para Aécio e Lula

O senador Demónstenes Torres (DEM/GO) comenta a euforia das hostes do governo em transformar em grande mácula o incidente envolvendo o senador Aécio Neves (PSDB-MG) que ao seu parado por um blitz no Rio de Janeiro, no último fim de semana, estava com a carteira de habilitação vencida e se recusou a se submeter ao teste do bafômetro.
Demónstenes Torres
Fonte: Blog do Noblat

Alguns a serviço do governo estão praticando seu esporte predileto, tentar transformar a oposição em culpada por qualquer coisa. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou seus oito anos de mandato bebendo e dirigindo o País e ninguém seu aliado achou que fosse inconveniente.

De fato, além de ser um péssimo exemplo para a juventude por causa do malefício do álcool, não consta que o então mandatário tenha prejudicado sua atuação no dia-a-dia por causa da caninha. Agora, jogam sobre o senador Aécio Neves um problema que está do lado de lá.

Aécio foi parado por uma blitz no Rio de Janeiro, no último fim de semana, e estava com a carteira de habilitação vencida. Teve a decência de entregar a CNH sem se valer da carteirada como é praticamente usual com o grupo que, para cada oportunidade, saca o cartão corporativo ou o crachá do Planalto.

Ao contrário, o senador chamou um motorista de táxi, que levou o carro até sua residência na própria capital carioca. Foi um erro, ficou ruim como exemplo para a juventude, mas longe da grita dos que estão acostumados à bebedeira federal.

Os agentes pediram a Aécio que fizesse o teste do bafômetro. Como milhares de brasileiros, ele usou seu direito constitucional de se recusar, até com um argumento menos legalista e mais prático. Não iria dirigir dali em diante, então, não precisaria provar que estava em condição de guiar o veículo. Para o trecho em que havia dirigido, nenhuma ocorrência.

Para o particular, existe a prerrogativa de não fazer prova contra si; para o político, a condenação acompanha o cargo, é culpado até que absolvição por magistrado diga o contrário.

A mesma cobrança nunca foi feita pela companheirada no caso do ex-presidente ou de qualquer outro político. Talvez porque 99% deles tenham motoristas ou devido, quem sabe, ao fato de Aécio ser de fato diferente. Além de ele mesmo guiar, houve outro componente: em nenhum momento tentou se safar da ocorrência.

Não ligou para o amigo Fulano na força policial ou o Beltrano no departamento de trânsito, enfim, essas artimanhas tão queridas à companheirada. Seu único chamado foi ao taxista.

Enfrentou seu erro, foi punido por ele e não se esquivou sequer da repercussão. Se fosse alguém do governo, seria protegido pela camarilha até aparecer em público culpando a oposição.

Onde está o escândalo? Se for no uso do etilômetro, o próprio Superior Tribunal de Justiça tem isentado inclusive aqueles que provocam acidentes. Aécio não fez vítimas, não passou sequer susto em alguém.

Mas o governo, via aliados principalmente na internet, quer comparar o caso com a defesa que o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira, fez do plantio e do consumo de maconha.

Não há qualquer relação. Aécio se recusou a produzir prova contra si, o líder governista quer produzir droga para o uso e o tráfico.

Tenta-se, por meio dos entrincheirados na frente de batalha virtual, fazer com que a CNH vencida de um integrante da oposição ofusque as trapalhadas do governo. Mas é impossível encobrir, por exemplo, que Lula gastou 70% a mais em publicidade, retirando dinheiro de áreas sensíveis.

Impossível omitir que a atuação da Polícia Federal nas fronteiras está prejudicada porque foram retirados 40% de suas verbas. No entender dos líderes de agentes e escrivães da PF, o trabalho está comprometido, inclusive para combater a entrada de armas e drogas.

Enquanto se tenta esconder as malfeitorias oficiais no biombo da carteira de Aécio, a política do “bebe, mas faz” continua prevalecendo.

Deve ser essa a desculpa, de estar bêbado durante a declaração, para o líder que defende a criação de cooperativa de produtores de maconha, certamente para receber recursos dos programas de agricultura familiar.

Os que atacam Aécio serão regiamente pagos, inclusive para evitar que se relembrem os dias de tensão quando o ex-presidente movido a etanol tentou expulsar do Brasil o correspondente estrangeiro que dele falou o óbvio.

Aécio errou e foi punido. Faltam os demais.

domingo, 17 de abril de 2011

Ministra Eliana Calmon pede modernização das Corregedorias para acabar com atraso de séculos do Judiciário

A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, defendeu, nesta quinta-feira (14/4) em Recife, a modernização e a união das corregedorias-gerais do Judiciário, com o objetivo de garantir a maior eficiência da prestação jurisdicional. “É preciso que trabalhemos unidos, para superar a inércia de dois séculos em que o Judiciário funcionou como ilhas isoladas”, afirmou a ministra. Na abertura do 56º Encontro do Colégio de Corregedores Gerais dos Tribunais de Justiça (Encoge), a ministra fez um balanço de sua atuação no CNJ e criticou o desequilíbrio ainda existente entre a estrutura da Justiça Estadual de primeiro e segundo grau.
Se por um lado os tribunais contam com estrutura material e de pessoal satisfatória ou excessiva, muitas varas e juizados carecem de servidores e recursos básicos, o que prejudica o acesso dos cidadãos à Justiça. Segundo a corregedora nacional, há muitas varas que funcionam com um ou dois funcionários sem qualificação e juizados especiais em que o cidadão precisa aguardar um ano para marcar uma audiência, devido à falta de estrutura. “Não existe tribunal bom sem uma primeira instância que funcione”, afirmou, ao conclamar os corregedores a se empenharem para combater as deficiências materiais, de pessoal e de capacitação das unidades de primeira instância do Judiciário.

A melhor estruturação das Corregedorias foi outro ponto defendido pela ministra, como forma de garantir o aprimoramento da prestação jurisdicional. “Não podemos ter Corregedorias de papel. Necessitamos de servidores qualificados e de uma estrutura mínima para funcionar”, enfatizou. Eliana Calmon entregou aos corregedores uma proposta de estruturação mínima das Corregedorias que garanta um trabalho eficiente nos estados, a ser debatido durante o encontro.


Em seu discurso, a ministra defendeu que as Corregedorias tenham um orçamento e um quadro próprio de funcionários, para garantir a independência na atuação. Além disso, destacou a necessidade de se instalar nos tribunais sistemas eletrônicos de controle de precatórios e da folha de pagamento. Por último ela salientou a importância dos trabalhos de inspeção e investigação promovidos pelas Corregedorias locais, que garantem o combate à corrupção no Judiciário.  


Caráter disciplinar
- Apesar do papel correcional das corregedorias, Eliana Calmon reforçou que a atuação do órgão não se restringe a questões disciplinares, pelo contrário. “Temos que exercer uma atividade preventiva, de orientação para não termos que enfrentar os graves problemas que mancham o Judiciário de forma penosa. Não podemos só cobrar metas ou punir, mas sim elevar a auto-estima dos magistrados e oferecer as ferramentas adequadas para que eles possam fazer Justiça no país. Precisamos trabalhar em parceria no empreendimento de construção do Poder Judiciário”, observou.

Desde setembro do ano passado, a Corregedoria Nacional de Justiça proferiu 3.584 decisões e realizou 2.968 despachos. Nesse período, sete processos administrativos disciplinares foram julgados e outros quatro instaurados. “A quantidade é irrisória perto do número de outros processos que recebemos diariamente, o que demonstra que nossa magistratura não é doente e que os casos de desvio disciplinar são pontuais”, completou.

Encoge
- O Encoge continua nesta sexta-feira (15/4), no Hotel Golden Tulip Recife Palace, durante todo o dia. No evento, os corregedores irão apresentar as boas práticas adotadas em seus estados, assim como projetos que podem ser implantados nas demais corregedorias. “Espero que possamos encontrar soluções para melhorar a prestação jurisdicional no país”, disse o presidente do Colégio e corregedor do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Bartolomeu Bueno, na abertura do evento.

A autonomia financeira das Corregedorias-Gerais de Justiça, a organização das secretarias e cartórios judiciais, e a profissionalização dos servidores estão na pauta de debates. O encontro conta com a presença do coregedor-geral da Justiça Federal, ministro Francisco Falcão, o presidente do Colégio Permanente dos Presidentes dos Tribunais de Justiça, desembargador Marcus Faver,  além dos corregedores de todas as Cortes Estaduais.


Mariana Braga

Agência CNJ de Notícias