Por que Hugo Chávez estaria interessado em colocar o ex-presidente Lula numa comissão internacional intermediando a Paz na Líbia? O plano é evitar que Khadafi, incomodamente, acabe tentando se abrigar na Venezuela. Lula entra nessa história para desviar a rota do ditador árabe encaminhando-o na direção de um conveniente asilo em terras brasileiras.
Foto: Reuters
Hugo Chaves, na sua sexta viagem a Líbia, é recebido por Khadafi, em 22 de outubro de 2010
Hugo Chaves, na sua sexta viagem a Líbia, é recebido por Khadafi, em 22 de outubro de 2010
Fontes: Reuters , Estadão , O Globo, Exame
A agência de notícias Reuters, citando fontes diplomáticas venezuelanas diz que a Venezuela espera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa liderar uma comissão internacional de mediação para buscar a paz na Líbia.
Nos bastidores constata-se que não deve agradar a Hugo Chávez, ouvir falar que um dos destinos possíveis do líder líbio Muammar khadafi, ao ser enxotado da Líbia seria a Venezuela.
A Venezuela tem sido amplamente citada como um destino possível para Khadafi que já visitou o país sul-americano em 2009, quando doou uma tenda beduína a Chávez, que, por sua vez, já esteve na Líbia oficialmente seis vezes.
Apesar das posições antiamericanas unirem os dois folclóricos ditadores, Khadafi não é bem vindo como hospede permanente na Venezuela.
O coronel líbio é um mastodonte e como visitante permanente seria um incomodo incontrolável. Bem maior que Chávez, sua presença na Venezuela ira projetar uma sombra sobre o venezuelano, enquanto atrairia, à curto prazo, olhares internacionais mais acurados para as mazelas da quase ditadura chavista na America do Sul.
Uma coisa é ter amigos polêmicos, outra é trazê-lo para casa, com seus problemas e suas controvérsias.
Um dos medos noturno de Chávez é que os americanos invadam a Venezuela, sob o pretexto de derrubá-lo para democratizar o país, em busca do petróleo venezuelano.
Apesar das rusgas políticas, os venezuelanos despejam cerca de 1,4 milhões de barris de petróleos diários, nos Estados Unidos que de volta inundam a Venezuela com cerca de 64 bilhões de dólares anuais.
Essas revoluções árabes assustam Chávez também por motivos comerciais também. Imagina os riscos, para ele, de um mundo árabe democratizado dando preferências de exportações de petróleo para os americanos, que passaria a depender menos do óleo venezuelano.
Querendo exercer algum controle na situação Hugo Chávez propôs o tal “plano que busca uma solução negociada para a insurreição na Líbia, incluindo o envio de uma comissão internacional para mediar à crise”.
Segundo um porta-voz do governo venezuelano, o líder líbio Muammar Khadafi teria aceitado a proposta do aliado Chávez para uma mediação internacional que encerre a crise no país africano.
A existência da proposta chegou a gerar uma queda no preço do petróleo, após vários dias sucessivos de alta devido à preocupação com o suprimento líbio, quando se noticiou que a Liga Árabe estaria avaliando seriamente a proposta de Chávez.
Mas Chávez sabe que está mandando o amigo Lula para uma missão pronta para o fracasso. Na interpretação de Khadafi uma negociação internacional diante da crise líbia, seria um ganho a mais de tempo para tentar esmagar os revoltosos.
Mas se o ex-presidente brasileiro for alçado à ribalta internacional para negociar com o líbio, por certo entre as propostas deveria levar o seu acolhimento como asilado em território brasileiro.
Mesmo que a missão falhasse inicialmente, no momento seguinte, quando atropelado pelos fatos e esmagado pelo povo, Khadafi resolvesse buscar um refúgio fora do país, antes apenas com o bilhete de ida para a Venezuela, por certo, depois disso, escolheria o Brasil, que já teria oficialmente lhe aberto as portas.
Hugo Chávez teria só ganhos: Lula, eterno candidato ao premio Nobel da Paz e candidato a Secretario Geral da ONU, estaria agradecido por ter sido catapultado novamente para o cenário internacional, Khadafi estaria grato pela intervenção bem intencionada do sul americano.
Quem perderia seria o Brasil, cada vez mais tido como bom abrigo para esses espécimes deteriorados, como se fossemos um lixão apropriado a traficantes, terroristas e ditadores sanguinários.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Ao longo de seus oito anos de mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve pelo menos quatro encontros com o ditador líbio Muamar Kadafi. Numa das reuniões, na abertura da Cúpula da União Africana, em Sírte, na Líbia, em 1º de julho de 2009, Lula chamou o ditador de "amigo e irmão".
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