“O debate sobre a necessidade de criar os filhos na linha dura ou na base de um autoritário modo asiático ronda na televisão, na Internet e está na capa de revistas, como esta da Time, na foto acima. O livro de Amy Chua, Battle Hymn of the Tiger Mother (O Hino de Guerra da Mãe Tigre), é best-seller, mas o que desfechou o debate foi um trecho publicado no Wall Street Journal com o título sensacionalista Porque as Mães Chinesas São Superioras "- Caio Blinder
Foto: Erin Patrice O'Brien/ The Wall Street Journal
MÃE TIGRESA E FILHOTES - Amy Chua e as filhas, Louisa e Sophia, em sua casa, New Haven, Conn
MÃE TIGRESA E FILHOTES - Amy Chua e as filhas, Louisa e Sophia, em sua casa, New Haven, Conn
Um livro gerou polêmica nos Estados Unidos e na Europa por sugerir que os chineses têm mais sucesso na criação de seus filhos do que povos ocidentais por serem muito mais rígidos.
A professora de direito americana Amy Chua, 49 anos, filha de imigrantes chineses criados nas Filipinas, casada com um judeu americano, também professor de Yale, é a autora de Battle Hymn of the Tiger Mother (“Hino de Batalha da Mãe Tigresa”), livro em que relata a tentativa de criar suas filhas à "moda chinesa", sob influencia da sociedade e em território americano.
Amy impôs várias restrições às suas filhas, Louisa, de 15 anos, e Sophia, de 18, para que tivessem um desempenho escolar excepcional. Entre outras coisas, as meninas eram proibidas de ver TV, jogar videogame, dormir ou brincar na casa de uma colega, trazer colegas para casa, escolher atividades extra-escolares, ter qualquer nota que não fosse 10.
Além disto, eram obrigadas a tocar piano ou violino e serem as melhores alunas em todas as disciplinas da escola, exceto em Educação Física e arte dramática.
"Mesmo quando os pais ocidentais pensam que estão sendo rígidos, eles normalmente não chegam perto de serem mães chinesas", disse a professora, em artigo, que causou a maior polêmica, publicado no Wall Street Journal, intitulado “Por que mães chinesas são superiores”.
Para alguns o livro e o artigo no jornal americano, causou mais polêmica, por atingir a auto-estima americana, um complexo de inferioridade coletivo relacionado à prosperidade chinesa e a crise econômica dos Estados Unidos.
"Para ser bom em algo, é preciso trabalhar, e as crianças nunca querem fazer isso por conta própria", afirmou Amy. "Os chineses acham que a melhor maneira de proteger os seus filhos é prepará-los para o futuro, fazendo-os ver do que elas são capazes."
A professora de direito americana Amy Chua, 49 anos, filha de imigrantes chineses criados nas Filipinas, casada com um judeu americano, também professor de Yale, é a autora de Battle Hymn of the Tiger Mother (“Hino de Batalha da Mãe Tigresa”), livro em que relata a tentativa de criar suas filhas à "moda chinesa", sob influencia da sociedade e em território americano.
Amy impôs várias restrições às suas filhas, Louisa, de 15 anos, e Sophia, de 18, para que tivessem um desempenho escolar excepcional. Entre outras coisas, as meninas eram proibidas de ver TV, jogar videogame, dormir ou brincar na casa de uma colega, trazer colegas para casa, escolher atividades extra-escolares, ter qualquer nota que não fosse 10.
Além disto, eram obrigadas a tocar piano ou violino e serem as melhores alunas em todas as disciplinas da escola, exceto em Educação Física e arte dramática.
"Mesmo quando os pais ocidentais pensam que estão sendo rígidos, eles normalmente não chegam perto de serem mães chinesas", disse a professora, em artigo, que causou a maior polêmica, publicado no Wall Street Journal, intitulado “Por que mães chinesas são superiores”.
Para alguns o livro e o artigo no jornal americano, causou mais polêmica, por atingir a auto-estima americana, um complexo de inferioridade coletivo relacionado à prosperidade chinesa e a crise econômica dos Estados Unidos.
"Para ser bom em algo, é preciso trabalhar, e as crianças nunca querem fazer isso por conta própria", afirmou Amy. "Os chineses acham que a melhor maneira de proteger os seus filhos é prepará-los para o futuro, fazendo-os ver do que elas são capazes."
Foto: Album da família Chua >
FÉRIAS ? - Amy supervisiona Louisa, a mais nova, exercitando-se no violino. Detalhe a família estava de férias. Observar que a televisão está coberta com um tapete.
FÉRIAS ? - Amy supervisiona Louisa, a mais nova, exercitando-se no violino. Detalhe a família estava de férias. Observar que a televisão está coberta com um tapete.
Num trecho do artigo de Amy publicado no Wall Street Journal ela diz que “os pais chineses entendem é que nada é divertido até que você seja bom nisso. Para ficar bom em qualquer coisa que você tem que trabalhar, e as crianças por conta própria não querem trabalhar, por isso é crucial a intervenção dos pais, para selecionar as suas preferências”.
“Isso muitas vezes requer coragem por parte dos pais, porque a criança vai resistir, as coisas sempre são os mais difíceis no início, que é onde os pais ocidentais tendem a desistir. Mas, se feito corretamente, a estratégia chinesa produz um círculo virtuoso. Tenacidade e prática, prática, prática é fundamental para a excelência; repetição mecânica é subestimado na América. Quando uma criança começa a se destacar em alguma coisa, seja matemática, piano, ou dançando balé, ele ou ela recebe elogios admiração e satisfação. Isto constrói a confiança e faz a atividade transformar-se numa diversão. Daí fica mais fácil para os pais, trabalhar com o a criança ainda mais.”
“Isso muitas vezes requer coragem por parte dos pais, porque a criança vai resistir, as coisas sempre são os mais difíceis no início, que é onde os pais ocidentais tendem a desistir. Mas, se feito corretamente, a estratégia chinesa produz um círculo virtuoso. Tenacidade e prática, prática, prática é fundamental para a excelência; repetição mecânica é subestimado na América. Quando uma criança começa a se destacar em alguma coisa, seja matemática, piano, ou dançando balé, ele ou ela recebe elogios admiração e satisfação. Isto constrói a confiança e faz a atividade transformar-se numa diversão. Daí fica mais fácil para os pais, trabalhar com o a criança ainda mais.”
Foto: Album da familia Chua
FRUTOS DA CRIAÇÃO: - Sophia apresentando-se ao piano no Carnegie Hall, em 2007
FRUTOS DA CRIAÇÃO: - Sophia apresentando-se ao piano no Carnegie Hall, em 2007
A parte do artigo, porém, que causou mais polêmica, foi quando ela falou da sua experiência, quando criança, desse método chinês de educar os filhos:
“Os pais chineses pode ir longe com coisas que os pais ocidentais não podem. Certa vez, quando eu era jovem, a ser extremamente desrespeitoso com a minha mãe, meu pai com raiva me chamou de "lixo" em nosso dialeto Hokkien nativo. Funcionou muito bem. Eu senti-me terrível e profundamente envergonhada com o que tinha feito. Mas isso não prejudicou minha auto-estima ou qualquer coisa do gênero. Eu sabia exatamente o que ele pensava de mim. Eu realmente não acho que foi inútil ter-me sentido como um pedaço de lixo”.
O texto causou polêmica entre leitores e especialistas. Muitos viram nas opiniões de Amy a defesa de uma "superioridade" de pais chineses sobre os ocidentais, além de condenarem a falta de liberdade dada às crianças.
A professora se defendeu, afirmando que seu livro "não é um guia de como fazer as coisas; é uma memória, a história da jornada da nossa família em duas culturas" (lembrar que o pai das filhas de Amy é judeu).
Como nem tudo é perfeito, num trecho do livro, a mãe chinesa conta que num restaurante em Moscou, a filha de 13 anos, teve um chilique: “Eu odeio violino. Eu odeio minha vida. Eu te odeio. Eu odeio esta família”. A menina joga o copo de água no chão. A mãe tigresa amolece e dá permissão para a filha largar o violino e jogar tênis. Sophia, a mais velha, tem namorado.
“Os pais chineses pode ir longe com coisas que os pais ocidentais não podem. Certa vez, quando eu era jovem, a ser extremamente desrespeitoso com a minha mãe, meu pai com raiva me chamou de "lixo" em nosso dialeto Hokkien nativo. Funcionou muito bem. Eu senti-me terrível e profundamente envergonhada com o que tinha feito. Mas isso não prejudicou minha auto-estima ou qualquer coisa do gênero. Eu sabia exatamente o que ele pensava de mim. Eu realmente não acho que foi inútil ter-me sentido como um pedaço de lixo”.
O texto causou polêmica entre leitores e especialistas. Muitos viram nas opiniões de Amy a defesa de uma "superioridade" de pais chineses sobre os ocidentais, além de condenarem a falta de liberdade dada às crianças.
A professora se defendeu, afirmando que seu livro "não é um guia de como fazer as coisas; é uma memória, a história da jornada da nossa família em duas culturas" (lembrar que o pai das filhas de Amy é judeu).
Como nem tudo é perfeito, num trecho do livro, a mãe chinesa conta que num restaurante em Moscou, a filha de 13 anos, teve um chilique: “Eu odeio violino. Eu odeio minha vida. Eu te odeio. Eu odeio esta família”. A menina joga o copo de água no chão. A mãe tigresa amolece e dá permissão para a filha largar o violino e jogar tênis. Sophia, a mais velha, tem namorado.
O debate acabou como reportagem de capa da revista TIME, desta semana |
Sobre isso o colunista Caio Blinder comenta:”Não dá para ser mãe tigresa permanente. O mesmo vale para a China: autoritarismo permanente não vai funcionar”.
Segundo o correspondente da BBC em Pequim Michael Bristow, ser extremamente rígido com crianças, determinando o que elas podem e não podem fazer em seu tempo livre, é uma prática consagrada e dificilmente contestada na China.
Muitos pais chineses acreditam que, sem esta filosofia, seus filhos não conseguirão entrar em uma boa universidade, o que eles veem como algo vital para garantir um emprego bem remunerado, afirma Bristow.
"O maior problema na China é que os pais estão cada vez menos dispostos a permitir que seus filhos sejam crianças", disse à BBC o professor e especialista em comportamento de pais Yang Dongping, do Instituto de Tecnologia de Pequim.
"Elas (as crianças) não têm uma infância feliz - tudo se trata de estudar, fazer provas e ter aulas particulares."
Yang afirma que este estilo de lidar com os filhos se desenvolveu em parte devido à tradição chinesa de enfatizar o aprendizado acadêmico. Para ele, esta filosofia limita a criatividade e a imaginação dos jovens.
Além disto, a política do país em permitir apenas um filho por casal - para conter o crescimento demográfico excessivo - também é considerada um problema, por colocar muita pressão sobre filhos únicos.
Segundo o correspondente da BBC em Pequim Michael Bristow, ser extremamente rígido com crianças, determinando o que elas podem e não podem fazer em seu tempo livre, é uma prática consagrada e dificilmente contestada na China.
Muitos pais chineses acreditam que, sem esta filosofia, seus filhos não conseguirão entrar em uma boa universidade, o que eles veem como algo vital para garantir um emprego bem remunerado, afirma Bristow.
"O maior problema na China é que os pais estão cada vez menos dispostos a permitir que seus filhos sejam crianças", disse à BBC o professor e especialista em comportamento de pais Yang Dongping, do Instituto de Tecnologia de Pequim.
"Elas (as crianças) não têm uma infância feliz - tudo se trata de estudar, fazer provas e ter aulas particulares."
Yang afirma que este estilo de lidar com os filhos se desenvolveu em parte devido à tradição chinesa de enfatizar o aprendizado acadêmico. Para ele, esta filosofia limita a criatividade e a imaginação dos jovens.
Além disto, a política do país em permitir apenas um filho por casal - para conter o crescimento demográfico excessivo - também é considerada um problema, por colocar muita pressão sobre filhos únicos.
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