sábado, 18 de setembro de 2010

Mercado Financeiro: Ibovespa atravessa sessões instáveis, mas sobe 0,42%

Depois de ter atravessado sessões marcadas pela volatilidade, o Ibovespa encerrou a semana em alta de 0,42%, aos 67.089 pontos. Cabe destacar que o principal índice da bolsa paulista chegou a retomar o patamar dos 68 mil pontos na semana, e conseguiu fechar o período no campo positivo mesmo com a queda dos ativos da Petrobras.
As fortes oscilações refletiram o movimentado noticiário econômico interno e externo, bem como notícias do campo corporativo. O último pregão da semana também contou com o Quadruple Witching - data em que ocorrem quatro vencimentos simultâneos no mercado norte-americano: contratos futuros de índices acionários, contratos futuros de ações, opções sobre índices e opções sobre ações - que geralmente traz instabilidade às bolsas.
Destaques da bolsa
Registrando as maiores quedas do Ibovespa em três dos cinco pregões dessa semana, as ações da LLX Logística tiveram o pior desempenho semanal dentre os papéis que fazem parte da composição do índice. Acumulando perdas de 14,91%, a cotação do ativo passou de R$ 10,80 (fechamento da semana anterior, quando as ações foram destaque de alta) para R$ 9,19.
Confirmando as suspeitas do mercado, a MMX Mineração disse na segunda-feira (13) ter chegado a um acordo com a LLX e a Centennial Asset para adquirir 100% da LLX Sudeste, por um valor próximo de US$ 2,3 bilhões. A LLX sofrerá uma cisão parcial, vendendo sua participação na LLX Sudeste para a Centennial em troca de 70% do capital social da empresa, que terá sua denominação social alterada para PortX Operações Portuárias.
Na ponta oposta, em meio à divulgação de indicadores que sinalizam o aquecimento do varejo no País, os papéis B2W lideraram os ganhos do Ibovespa na semana, com alta acumulada de 8,84%, cotados a R$ 31,40 cada. Apesar do ganho semanal, a ação da varejista soma forte perda de 34,13% no ano.
Entre os ativos mais líquidos do índice, os desempenhos foram díspares. As ações PNA e ON da Vale subiram 0,89% e 0,58%, respectivamente, enquanto os papéis PN e ON da Petrobras tiveram baixas de 3,92% e 2,68% na semana. Cabe destacar que as ações preferenciais da estatal ficaram em segundo lugar no ranking das maiores perdas do Ibovespa no período.
Petrobras
A gigante do petróleo foi o principal destaque da semana no noticiário corporativo, como não podia deixar de ser, por conta de sua capitalização. Antecipando o que promete ser a maior oferta de ações da história, a performance negativa auferida pelos papéis da estatal reflete em partes o fato de que, na subscrição das ações, quanto menor estiver o valor do papel, melhor será para o investidor no momento de aquisição das novas ações da companhia.
Isso porque, em um processo de subscrição, os acionistas têm direito de preferência na compra das novas ações. Na oferta da Petrobras, os acionistas que tivessem ações ordinárias na primeira data de corte terão direito de subscrever 0,342822790 ação ordinária para cada papel detido na segunda data de corte. Os detentores de ações preferenciais no primeiro corte terão direito de subscrever a mesma proporção de 0,342822790 papel preferencial para cada ação do tipo detida na segunda data de corte. O arredondamento será feito para o maior número inteiro de ações. Assim, analistas de mercado afirmam que o mercado tem pressionado o preço das ações da estatal para pagar um menor preço por esta parcela de ações subscritas.
Além disso, nesta data, a estatal informou ter elevado de 10% para 20% o limite do lote adicional da oferta de ações. “O limite do Lote Adicional de Ações Ordinárias e/ou Ações Preferenciais de emissão da Companhia, incluindo sob a forma de ADS (American Depositary Share), será equivalente a até 20% das Ações da Oferta Global inicialmente ofertadas, e não mais a até 10%”, comunicou.
Com isto, serão incluídas aproximadamente 752 milhões de ações à oferta inicial. Cabe lembrar que a companhia está realizando uma oferta pública de distribuição primária de 2.174.073.900 ações ordinárias e 1.585.867.998 preferenciais.
Outros destaques corporativos
Apesar do foco dos mercados na Petrobras, a semana contou com outros destaques corporativos. A Hypermarcas, por exemplo, voltou a investir em novas aquisições, anunciando a celebração de um contrato de compra e venda de ações com a York Indústria e Comércio.
Além disso, outra empresa do grupo EBX ganhou destaque: a OGX Petróleo. O gerente-executivo da empresa, Ricardo Juiniti, desmentiu a notícia veiculada pelo O Estado de São Paulo, que dizia que a companhia pretendia vender sua participação na Bacia de Campos por US$ 7 bilhões. Segundo Juniti, é estimado um valor entre US$ 12 bilhões e US$ 14 bilhões com a venda dos sete blocos de petróleo localizados na região. O diretor também falou que há mais companhias interessadas no negócio, além das chinesas Sinopec e CNOOC.
Outras duas companhias permaneceram em foco no noticiário corporativo. No caso da Embraer, o conselho de administração aprovou  mudanças no estatuto da companhia, sendo que o escopo de atuação da empresa e a sua denominação social devem ser alterados.
Já a JBS informou que a Inalca realizou uma reunião do conselho de administração sem a participação dos três conselheiros nomeados pela JBS, o que é considerado ilegal. Segundo a companhia, a Inalca alega que os três brasileiros indicados pela JBS deveriam ter residência italiana, o que foi contestado pela empresa. "A medida é ilegal e é mais uma tentativa de bloquear o acesso da JBS aos dados da Inalca", disse a companhia, anunciando que vai contestar judicialmente a medida, por não considerá-la válida.
Agenda
A semana começou com a divulgação do Relatório Focus, do Banco Central, que apontou a segunda edição semanal consecutiva de melhores projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, mostrando uma expectativa de crescimento de 7,42% na economia nacional neste ano. Ainda por aqui, a balança comercial brasileira registrou um saldo positivo de US$ 159 milhões na segunda semana de setembro, quando foram registradas exportações da ordem de US$ 3,088 bilhões e importações de US$ 2,929 bilhões.
Entre os dados de inflação do período, destaque para o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), que apontou inflação de 0,99% na primeira prévia de setembro, taxa 0,57 ponto percentual acima da vista no mesmo período do mês anterior. 
Também na cena interna, foram geradas 299.415 vagas de trabalho em agosto, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O resultado, recorde para o mês, superou em 23,7% a melhor marca já registrada, em 2009, quando foram criados 242.126 postos de trabalho.
Outro indicador de peso na semana foi o IBC-Br (índice mensal de atividade do Banco Central), que teve alta de 2,42% na passagem de junho para julho, atingindo 142,62 pontos. Este é o maior patamar desde abril deste ano, quando marcou 144,15 pontos. 
Além disso, a Febraban revelou suas novas projeções para a economia brasileira, com destaque para um aumento na expectativa de crescimento do PIB brasileiro ao final deste ano. A expectativa dos bancos consultados é que a economia nacional tenha avanço de 7,4% em 2010, ante projeções de crescimento de 7,2% em agosto.
No âmbito global, os mercados refletiram a decisão do comitê da Basileia, que reúne representantes de autoridades monetárias de 27 países, sobre um novo acordo para que as instituições elevem o nível de capital mínimo para 7%, de modo que se tornem mais resistentes a crises financeiras. Os bancos terão até oito anos para se ajustarem às regras mais restritas.
Referências externas
Lá fora, a economia norte-americana concentrou  maior parte das atenções. O orçamento do governo do país registrou déficit de US$ 90,526 bilhões em agosto, melhor do que as projeções. Este é o vigésimo terceiro mês consecutivo de saldo negativo do Treasury Budget, mas o número mostrou melhora na base mensal.
Ainda nos EUA, as vendas no varejo cresceram 0,4% em agosto, ante expectativa de 0,3% por parte dos analistas. Os investidores avaliaram ainda a expansão de 1% dos estoques de empresas, acima das projeções. Além disso, a produção industrial do país avançou 0,2% em agosto, apontando uma desaceleração mensal maior que a prevista pelo mercado.
O NY Empire State Index e o Philadelphia Fed Index, ambos indicadores de atividade industrial, não empolgaram o mercado. No mercado de trabalho, o Initial Claims registrou um total de 450 mil novos pedidos no período ante projeções de 460 mil. A confiança do consumidor norte-americano medida pela Universidade de Michigan também ficou abaixo do esperado em setembro.
Por fim, o déficit em conta corrente dos EUA atingiu US$ 123,3 bilhões no segundo trimestre deste ano, ficando menor do que as expectativas de mercado. Já o CPI (Consumer Price Index), índice que mede a evolução dos preços ao consumidor nos EUA, registrou variação positiva de 0,3% em agosto, ficando acima da variação esperada pelo mercado, enquanto o PPI (Producer Price Index) registrou alta de 0,4% durante o período, também acima das expectativas.
Dados revelados no Velho Continente também mexeram com o humor dos investidores. A Comissão Europeia elevou as projeções para o PIB  da Zona do Euro e da União Europeia, estimando um crescimento de 1,7% e 1,8%, respectivamente - a previsão anterior era de 0,9% para ambos. Além disso, o índice de confiança de investidores e analistas alemães caiu em agosto, atingindo a mínima em 19 meses. Ao mesmo tempo, a produção industrial da Zona do Euro ficou estável em julho, enquanto os analistas esperavam uma alta de 0,1%. 
A pauta econômica chinesa também contribuiu para a performance dos mercados na semana, com a produção industrial e as vendas no varejo da China relatando crescimentos na casa dos dois dígitos na comparação entre agosto de 2009 e deste ano. Enquanto isso, no Japão, investidores receberam com ânimo a tão especulada intervenção do governo no câmbio.
Discursos
No front doméstico, o mercado também repercutiu a notícia de que o governo pode rever suas projeções para o avanço do PIB brasileiro em 2010, como afirmou na quarta-feira (15) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A previsão de crescimento para o ano deve aumentar de 7% para cerca de 7,3% ou 7,4% depois da divulgação dos dados do terceiro trimestre.
No mesmo dia, Mantega sinalizou que o governo brasileiro pode adotar medidas para impedir uma valorização do real. Ao comentar a ação do governo do Japão, que vendeu ienes na última quarta-feira para conter a apreciação da moeda do país, o ministro disse que o Brasil não irá ficar parado assistindo a esse movimento, que, em sua visão, tem por objetivo fortalecer as exportações e não está restrito apenas à Ásia, mas acontece também nos Estados Unidos e na Europa.
Elevando o tom contra o que chamou de apreciação “muito lenta” do yuan, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, afirmou que os Estados Unidos não estão satisfeitos com o ritmo da valorização da divisa chinesa e afirmou considerar meios para que o governo de Pequim permita uma ascensão mais rápida de sua moeda.
Câmbio e Renda Fixa
A moeda norte-americana fechou cotada na venda a R$ 1,719, acumulando na semana depreciação de 0,06%.
No mercado de renda fixa, o contrato com vencimento em janeiro de 2012, que apresentou maior liquidez, encerrou apontando taxa de 11,45%, alta de 0,15 pontos percentuais em relação a semana anterior.
No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus mais líquido, encerrou cotado a 137,80% de seu valor de face, alta de 0,92% na semana. O risco-país fechou cotado a 196 pontos-base, queda de 13 pontos na variação semanal.
Confira os destaques da agenda da próxima semana
Dentro da agenda do investidor para a quarta semana de setembro, o destaque fica com a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) na terça-feira (21), que decidirá os próximos passos da política monetária norte-americana. 
No cenário doméstico, atenção para as notas do Banco Central e a Pesquisa Mensal do Emprego, formulada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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