terça-feira, 10 de novembro de 2009

Consumo de Crack Vira Epidemia

O consumo de crack se espalha em Fortaleza com a velocidade de uma epidemia. Nas comunidades terapêuticas e em clínicas particulares, os usuários da droga predominam. Levantamento feito pelo jornal O Povo em nove desses locais mostra que 90% dos pacientes em tratamento são dependentes de crack. Os números de apreensão da droga também impressionam. O ano de 2009 nem terminou e a quantidade retida pelos policiais da Delegacia de Narcóticos é110 quilos e já é 71% maior do que o apreendido em todo o ano de 2008 (64 quilos).
O avanço da droga acabou gerando um problema de saúde pública. O crack vicia rápido e tem efeitos devastadores, destruindo vidas numa velocidade que a rede de atendimento não consegue acompanhar. Muitas vezes, o acesso ao tratamento é difícil. Somente no Centro de Recuperação Leão de Judá, uma das comunidades terapêuticas que atendem a demanda da Capital, a fila de espera por uma vaga é de 900 pessoas. As três casas mantidas pelo centro de recuperação comportam 150 pacientes. “Desse total, cinco vieram por causa da cocaína, cinco pelo álcool e o restante pelo crack”, informa Rosane Ramires, responsável pelas internações.
Nessas comunidades terapêuticas, os usuários de drogas passam meses em tratamento, longe do convívio social. Nas primeiras semanas, nem visitas recebem. Há casas que oferecem tratamento gratuito, mas, na maioria das vezes, a família precisa contribuir com uma quantia mensal, que varia de acordo com as condições financeiras. Atualmente, há 85 vagas sendo mantidas pelo Governo do Estado. Desse total, 20 são para adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e o restante para pacientes encaminhados pelo Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM).
O HSMM é o único hospital psiquiátrico de Fortaleza que conta com uma unidade exclusiva para dependentes químicos. O problema é que são apenas 20 leitos e somente para homens. ``A demanda é muito grande. O atendimento tem sido precário e insuficiente``, atesta Herman Normando, presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas. Quem não consegue vaga no HSMM é encaminhado para os outros hospitais psiquiátricos, onde os dependentes químicos convivem com pacientes que têm transtornos mentais.

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