sexta-feira, 15 de abril de 2011

Procuradoria livra, novamente, a cara de Michel Temer

Pelo parecer do Procurador Geral da República o Supremo Tribunal Federal não vai poder mais continuar investigando o vice-presidente da República, sob acusação de receber propina de empresas que operavam no Porto de Santos. Não há provas suficientes contra Temer, e como não vão continuar investigando, vamos ficar eternamente na dúvida
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A Presidenta Dilma Rousseff passa o cargo de Presidente da Republica para Michel Temer, ao deixar o Brasil, para uma viagem a Argentina, no fim de janeiro.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o arquivamento de um inquérito em que o vice-presidente da República, Michel Temer, foi apontado por ter recebido ilegalmente, quando era deputado federal, dinheiro de empresas que venceram licitação para operar na Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

A acusação contra Temer veio à tona em 2000, quando ele foi citado em um processo de separação do então presidente da Codesp Marcelo Azeredo e a ex-companheira. Ela tentava obter pensão provando que o ex-marido tinha negócios ilícitos e citava Temer como um dos beneficiários de recebimento de propina.

O procurador-geral da República da época, Geraldo Brindeiro, mandou arquivar o inquérito em 2002 por entender que não havia provas suficientes contra Temer.

Quatro anos mais tarde, a Polícia Federal (PF) abriu novo inquérito para apurar melhor o caso. Foi esse inquérito que chegou ao STF recentemente, sob relatoria do ministro Marco Aurélio, que enviou os autos para apreciação do procurador-geral.

Em seu parecer, Gurgel afirmou que as novas diligências da PF envolviam apenas Azeredo.

“As diligências realizadas enquanto a investigação tramitou perante a Polícia Federal não trouxeram novas provas dos fatos em apuração, que evidenciassem qualquer envolvimento de Michel Temer, não havendo, portanto, justa causa para a tramitação do presente inquérito”, afirmou o procurador-geral da República em seu parecer.

Ao opinar pelo descarte do inquérito contra o vice-presidente da República, Gurgel pediu que os autos sejam encaminhados novamente à Justiça Federal em Santos, onde tramita originariamente o inquérito contra Marcelo Azeredo.

O vice presidente, atualmente, na presidência da república, devido a viagem de Dilma Rousseff à China, parece confortável ao se achar fora do caso, embora vá sempre pairar uma nuvem carregada de culpa sobre a sua cabeça.

Fica porém, sempre a esperança, que com a continuação do inquérito contra presidente da Codesp Marcelo Azeredo, novas provas surjam, que o acusado vendo-se sozinho pagando o pato, comece a falar.

Por enquanto, Michel Temer, se junta ao grande contingente de políticos brasileiros, que portam o título de “inocente por falta de provas”.

Mercadante inventa um boato de US$ 12 bilhões

O improvisado Ministro da Ciencia e Tecnologia, Aloizio Mercadante, esta prestes a se tornar verbete do Guinness por excesso de fanfarronice: espalhou que os chineses da Foxconn iriam investir no Brasil US$ 12 bilhões e gerar 100 mil novos empregos, mas esqueceu de combinar com eles. Depois do impacto inicial os analistas, comentaristas econômicos e a própria empresa estão perplexos.A verdade é que Mercadante se superou.
Ilustração Toinho de Passira
GLOBALIZAÇÃO DA GABOLICE - Mercadante deixa de ser um idiota local, para ser uma piada de alcance mundial.
Fontes: The Wall Street Journal - Ingles, The Wall Street Journal - Portugues, Forbes, ZDnet, G1, Gazeta do Povo

O anúncio de que a chinesa Foxconn, montadora do iPad para a Apple, investiria US$ 12 bilhões no Brasil, pela boca do Ministro da Ciência e Tecnologia, Aluizio Mercadante, trouxe euforia e um ar de triunfalismo à visita de Dilma a China.

É bem verdade que Dilma teve um encontro com Terry Gou, o fundador da Hon Hai, controladora da Foxconn, onde se reuniu com o presidente da multinacional fundada em Taiwan e que concentra suas operações na China, mas o resultado da conversa em nada concretiza o alardeado pelo eufórico e precipitado Mercadante.

Segundo o comentarista do "The Wall Street Journal", Jason Dean, a holding Hon Hai, controladora da Foxconn, claramente, “foi pega desprevenida”, com o anuncio sensacionalista divulgado no Brasil e espalhado pelos quatro cantos do planeta.

Na verdade ao que parece, o Ministro confundiu e alardeou, na melhor das hipóteses, uma vaga intenção como um fato consumado.

Diz o Wall Street Journal: “A empresa (Hon Hai) levou a maior parte da quarta-feira para produzir um comunicado de 160 palavras que elogiava o potencial e a localização estratégica do Brasil e falava vagamente em explorar novas oportunidades de investimentos no país.”

Nada nem de longe parecido com as declarações do falastrão Mercadante . Aqui no nordeste chamamos esse tipo de "bucho de piaba".

Não existe nada de concreto de que a Apple e a Foxconn vão produzir o computador tablet iPad no Brasil, por enquanto. O ministro improvisado afirmou aos jornalistas num sonho delirante, de que até o final de novembro já estaria no mercado os primeiros tabletes produzidos no Brasil, pela Foxconn. A produção de iPads deveria começar a ser feita com a estrutura que a Foxconn já mantém no país, a partir de componentes importados.

No delírio de Mercadante os investimentos da Foxconn poderiam gerar 100 mil novos empregos no Brasil. Fosse verdade, estariamos com um problemão: teriamos de no períod de cinco anos, especializar essa multidão de técnicos e pelo menos 20 mil engenheiros da área de eletronicos, apta a assumir esses fictícios postos de trabalho.

O jornalista Alexandre Costa Nascimento, da Gazeta do Povo, do Paraná, destaca que a chamada “cidade tecnológica”, que seria criada para abrigar os 100 mil trabalhadores da Foxconn, teria população equivalente ao do município de Umuarama, na região Noroeste do estado. Se o investimento fosse feito no Paraná, a cidade seria a 18ª no ranking de população”.

Kenneth Rapoza, no seu Blog especializado em questões dos países emergentes, no portal da revista Forbes, vai direto ao ponto dizendo que “Mercadante, um ex-senador e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, é conhecida por exagerar.”

Vejam como saiu a nota da Foxconn sobre o assunto:
“O Brasil é um país rico em recursos naturais, com um enorme mercado consumidor e tremendo potencial de desenvolvimento econômico. Está também estrategicamente posicionado para atender às necessidades de mercados crescentes na América Latina.

“ Guiados pela estratégia de "estar onde o mercado está", temos há muito estudado oportunidades de investimento no Brasil. Estamos no momento no processo de explorar oportunidades nesse importante mercado e realizar uma análise substantiva do ambiente geral de investimentos do país”.

Em relação à confirmação de quaisquer projetos de investimentos específicos, a política da Foxconn é de apenas fazer um anúncio depois de receber as devidas aprovações do conselho de administração de nossa empresa e de quaisquer autoridades cabíveis”.
Repórteres da Reuters, depois de lerem o comunicado oficial da Foxconn, concluiram que o texto, como se viu, “ não forneceu quaisquer detalhes ou a confirmação de investimentos estrangeiros diretos de qualquer magnitude para o Brasil no futuro próximo.” – comenta ainda Kenneth Rapoza, no Blog da Forbes.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
US$ 2,4 BILHÕES BILHÕES POR MINUTO....Dilma passou 5 minutos conversando com Terry Gou. Depois surgiu a notícia bombástica pela boca de Mercadante
Pode-se perceber, que mesmo fosse verdade, o anuncio do Ministro Mercante, teria sido divulgado, antes mesmo que o “conselho de administração da empresa”, tivesse decidido o que fazer e se vai fazer.” Na verdade esse tipo de precipitação poderia atrapalhar definitivamente qualquer pretensão real de expansão da empresa no país, que tem Ministros tão ... falastrões.

Segundo o comentarista, Jason Dean, do WSJ, o ambiente operário do Brasil e a capacidade produtiva do nosso país, não é vista com bons olhos por Terry Gou, o fundador e chefão da empresa.

Em setembro, durante uma entrevista de quase três horas concedida ao Wall Street Journal, no enorme complexo industrial da Hon Hai na cidade de Shenzhen, no sul da China, Gou ridicularizou a idéia de que o Brasil poderia de alguma forma rivalizar com a força da China em produção industrial.

"Os salários dos trabalhadores brasileiros são muito altos. Mas os brasileiros, assim que ouvem a palavra 'futebol', param de trabalhar. E há toda aquela dança. É louco (...).

Assim, o Brasil é bom [como base de produção industrial] para o mercado local. O Brasil tem ótimos minerais. E tem o grande rio Amazonas, por isso tem boa capacidade hidrelétrica. Mas, se você quiser mandar coisas para os EUA, leva mais tempo e mais dinheiro para mandar do Brasil [do que da China]", disse o bem informado Gou.

O executivo deve acrescentar nas suas próximas entrevistas que o Governo brasileiro e seus ministros não são sérios nem confiáveis.

Os governos petistas tem como característica contar como certo, o ovo ainda situado no interior da galinha. Mas até então era o público interno o alvo dessas invencionices mirabolantes.

O governo Dilma, porém, quer superar essa barreira utilizando a tática do boato otimista, e põe otimismo nisso, para o plano mundial. O tiro saiu pela culatra.

Com o desmentido educado da Foxconn e uma analise mais acurado dos fatos, o mercado, as empresas e os governos estrangeiros, vão facilmente constatar que esse investimento de US$ 12 bilhões dos exigentes investidores chineses não passa de um sonho longínquo brotado da cabeça desocupada e luzidia do nosso Ministro Aluisio Mercadante. Os tabletes de Mercadante, “made in Brasil”, tais quais os ovos das galinhas petistas, não eclodirão, nem nesse novembro, nem num futuro próximo, infelizmente.
Foto: Bobby Yip /Reuters
NEM TUDO SÃO FLORES - Funcionário da Foxconn na fábrica em Longhua na província de Guangdong, na China, A Foxcoon é protagonista de uma das grandes batalhas trabalhistas da China. Nos últimos quatro anos, ao menos 17 funcionários da empresa se suicidaram.