sábado, 9 de abril de 2011

Corregedores de Justiça se reunem no Recife

Tudo pronto para o 56º Encontro do Colégio de Corregedores Gerais dos Tribunais de Justiça (56º ENCOGE). Presidido pelo desembargador Bartolomeu Bueno (TJPE), o evento acontece entre os dias 14 e 15 de abril na cidade do Recife. A abertura será no Palácio da Justiça e as reuniões nos salões do hotel Golden Tulip Recife Palace, situado à beira-mar da praia de Boa Viagem.
Na programação do evento constam, dentre outras atividades, o intercâmbio de boas práticas e projetos bem sucedidos das Corregedorias e a realização de palestras, cujo tema central é: “Os seis anos do Conselho Nacional de Justiça e a repercussão nos Tribunais de Justiça”.
Sugestões de temas e assuntos pertinentes às Corregedorias, como boas práticas e projetos bem sucedidos, estão sendo colhidas para inclusão na pauta de discussões do 56º ENCOGE, através do email: encoge@tjpe.jus.br
Como forma de enriquecer ainda mais as discussões, estão confirmadas as participações da ministra Eliana Calmon (corregedora do Conselho Nacional de Justiça) do Presidente do Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça, Des. Marcus Antônio Faver (TJRJ), e da Presidente do Colégio de Vice-Presidentes de Tribunais de Justiça, Desa. Cleonice Freire (TJMA). Participa também do encontro a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, do CNJ.
Após o Encerramento, haverá uma programação especial: no sábado, dia 16 de abril, está prevista uma visita à cidade de Caruaru, popularmente conhecida como “Capital do Forró”, para que os participantes conheçam o maior centro de artes figurativas das Américas, o Alto do Moura. Em seguida, será oferecido um almoço pela prefeitura da cidade.
Está prevista também a ida do grupo a Fazenda Nova, para assistir ao 44º espetáculo da Paixão de Cristo, dentro das monumentais muralhas de Nova Jerusalém, o maior teatro ao ar livre do mundo.
As inscrições podem ser realizadas no site do ENCOGE , onde também estão disponíveis a Programação Oficial, a Programação dos Acompanhantes e informações de contato com a Coordenação do Evento.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A chacina na escola em Realengo

Ao estilo dos insanos americanos, o ex-estudante da Escola Municipal Tasso de Silveira, no Rio, Wellington Menezes, invadiu o estabelecimento a saiu disparando com duas armas de fogo, à revelia, matando pelo menos 12 jovens e ferindo outros 13, tendo, depois de alvejado pela polícia, se suicidado
Foto: Antonio Lacerda/EFE/El Pais
A Escola Municipal Tasso de Silveira, na zona oeste do Rio, onde aconteceu o massacre. O crime teve repercussão mundial
Fontes: Reuters, BBC Brasil, Le Monde, El Pais, City TV, Extra, Casos de Polícia, O Dia, Blog do Noblat

A Escola Municipal Tasso de Silveira, na zona oeste do Rio, onde aconteceu o massacre Por volta das 08h30min da manhã de hoje, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, matou 12 jovens e feriu outras 13 e se matou, no colégio onde havia estudado quando garoto, a Escola Municipal Tasso de Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. Com a desculpa que ia fazer uma palestra, entrou na escola, armado com dois revolveres, muita munição, mais um equipamento que facilitava o remuniciamento rápido das armas e começou a atirar provocando um massacre, comum nos Estados Unidos, até então inédito na crônica da violência urbana brasileira.

Foto: Paulo Alvadia/Agência O Dia
O sargento Márcio, ao centro, alvejou o assassino, que em seguida suicidou-se
O Sargento da PM, Márcio Alexandre Alves, de 38 anos, primeiro a entrar na escola durante o ataque, disse que participava de uma operação perto da escola quando um garoto ferido pediu socorro.

Ao entrar na escola, o sargento disse ter visto Menezes saindo de uma sala em direção ao terceiro andar da escola.
Foto: Jadson Marques/EFE/El Pais
O corpo sem vida de Wellington Menezes, autor da chacina
O policial afirmou ter então conseguiu alvejar o criminoso com um tiro na perna. Ferido ele suicidou-se disparando na própria cabeça.

Uma funcionária da escola disse à rádio BandNews que Wellington Menezes disparou cerca de cinqüenta tiros contra os alunos. Funcionários e alunos conseguiram sair pela garagem da escola e buscaram refúgio na casa de vizinhos.

Nas primeiras investigações a polícia concluiu que o atirador entrou na escola com duas armas e mais de 70 projéteis. Um revólver calibre 38 está com a numeração raspada, o que impede a polícia de rastrear sua origem. O outro revólver, um calibre 32, pertence a um homem já falecido.

Wellington Menezes de Oliveira tinha ainda em sua mochila pelo menos 12 speed loaders, um acessório usado para carregar as seis balas de um revólver com rapidez. A peça, segundo especialistas em armas, pode ser comprada por qualquer pessoa em lojas que vendem equipamentos de caça e pesca por até R$ 30, cada.

De acordo com policiais, Wellington teria feito os cerca de 50 disparos apenas com o revólver calibre 38 e, por isso, teria usado pelo menos nove speed loaders. A polícia encontrou com Wellington ainda 22 balas intactas.

Apesar de não ter formação militar ou policial, Wellington mostrou habilidade incomum para manusear o revólver. A polícia vai investigar se ele recebeu algum tipo de treinamento ou foi ajudado no planejamento do crime.

O diretor da escola municipal disse à rádio CBN que Wellington Menezes havia visitado a escola há pouco tempo e conversado com professores.

A Polícia encontrou entre os pertences de Wellington uma carta suicida, repleta de insanidades, com teor "fundamentalista" e "várias frases desconexas" sobre islamismo e terrorismo.

TRECHO DA CARTA - "Preciso da visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante da minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida", diz parte do documento digitado em computador e assinado de próprio punho pelo atirador.

A carta deixava claro que ele sabia que ia morrer, já que especifica como gostaria de ser enterrado – “ao lado da sepultura onde minha mãe dorme”; diz precisar da visita de um seguidor de Deus – para pedir “o perdão de Deus pelo que fiz” – e deixa instruções para que sua casa no bairro de Sepetiba seja doada para “instituições pobres” “que cuidam de animais abandonados”.

Filho adotivo, ele saiu da casa onde morava com a irmã há oito meses e se mudou para Sepetiba. Em entrevista à rádio BandNews, a irmã Rosilane, de 49 anos, disse que Wellington (foto) era uma pessoa reservada e que não tinha amigos.

- Na época da eleição, ele veio aqui. Chamei para almoçar, ele não queria. Falava muita besteira. Ele só ficava na internet, não tinha amigos, era muito estranho e reservado. Só falava de negócio de muçulmano... Essas coisas assim.

Quando viu o irmão adotivo pela última vez (os pais já são falecidos), no fim do ano passado, Rosilane disse que ele estava com a barba grande. Segundo ela, o irmão estudava práticas terroristas pela internet.
Foto: Getty Images
Uma mulher mostra uma foto de sua sobrinha Patrícia (15), uma das vítimas do tiroteio na escola em Realengo
Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio informou, na noite desta quinta-feira (7), que o número de crianças mortas no ataque à escola subiu para 12. Constata-se que das 24 pessoas baleadas, pelo criminoso, 20 eram do sexo feminino. entre os mortos há também uma prevalência de meninas, 10 entre os 12 vitimados fatalmente.

Foto: Fabio Gonçalves/Agência O Dia
Alguns dos feridos recolhidos aos hospitais estão em estado grave.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Michel Temer e as propinas do Porto de Santos

O vice-presidente da republica do Brasil, está sendo formalmente acusado de participar de um esquema de propinas nos anos 90, quando presidia a Câmara dos Deputados. Apesar de ter sido elaborado durante a campanha eleitoral do ano passado, a existência do inquérito, procedido no STF, não foi tornado público e os eleitores votaram sem saber que o vice de Dilma estava sob pesada investigação
Foto: Agência Brasil
Michel Temer jura de pés juntos que não tem nada a ver com isso. Quem acredita?
Fontes: Blog do Josias de Souza, Revista Veja, Folha de São Paulo

Há dez anos, na edição de 21 de março de 2001, a Revista Veja publicava uma reportagem que mostrava o então deputado Michel Miguel Elias Temer Lulia, mais conhecido como Michel Temer, do PMDB paulista, atual vice-presidente da República, citado numa acusação de propina, num processo judicial registrado na 3ª Vara de Família e das Sucessões, em São Paulo.

Com a lentidão da justiça e algumas manobras jurídicas dos advogados de Temer, só agora essa história pouco relevante, esquecida do noticiário político e criminal, pousou na mesa do procurador geral da republica, por decisão do Supremo Tribunal Federal. O ministério público irá decidir diante das provas apresentadas se o segundo homem na sucessão presidencial deve ser denunciado como suspeito de corrupção, ativa e passiva, numa distribuição de propina por empresas ligadas ao Porto de Santos na década de 90.

Apesar de aparecer como estrela da investigação, Michel Temer acabou descoberto por vias indiretas e até acidentais.

O processo da 3ª Vara de Família mencionava o nome de Michel Temer à margem do verdadeiro assunto da disputa. A papelada trata de uma separação litigiosa entre Marcelo de Azeredo e Erika Santos, uma estudante de psicologia que tenta, na Justiça, obter uma pensão de 10.000 reais mensais do ex-companheiro.

Com o intuito de provar que Azeredo tinha condições de pagar a pensão, a minuta do processo narra a vida financeira do réu de modo a caracterizá-lo como um homem rico, mesmo ganhando um salário que mal passa da metade da pensão pretendida pela ex-mulher. É aí que ela revela um esquema de propina no porto de que o ex-companheiro se beneficiaria.

Michel Temer aparece como parte de um rateio de propinas arrancadas de empresários que lidavam com o Porto de Santos, no litoral paulista. Segundo a denúncia escrita no processo, a sociedade era formada por Marcelo de Azeredo, que por três anos presidiu a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), entidade responsável pela administração do Porto de Santos, pelo deputado Michel Temer e por uma terceira figura, citada apenas como "um tal de Lima". Há seis planilhas no processo nos quais a divisão do butim é sempre na mesma proporção: 25% para Azeredo, 25% para o tal de Lima e 50% para Michel Temer.

O processo da 3ª Vara de Família menciona o nome de Michel Temer à margem do verdadeiro assunto da disputa. A papelada trata de uma separação litigiosa entre Marcelo de Azeredo e Erika Santos, uma estudante de psicologia que tenta, na Justiça, obter uma pensão de 10.000 reais mensais do ex-companheiro. De início, seus advogados historiam a relação de ambos, de modo a caracterizar que havia entre eles uma "união estável", que durou três anos. Falam de viagens, festas familiares, bilhetes e cartões de juras de amor. Em seguida, com o intuito de provar que Azeredo tem condições de pagar a pensão, a minuta do processo narra a vida financeira do réu de modo a caracterizá-lo como um homem rico, mesmo ganhando um salário que mal passa da metade da pensão pretendida pela ex-mulher. É aí que ela revela um esquema de propina no porto de que o ex-companheiro se beneficiaria.

A ação detalha o suposto esquema de propinas. Diz que a empresa Libra, por exemplo, que ganhou a concessão dos terminais 34 e 35 do Porto de Santos, brindou a tróica com 1,28 milhão de reais. Azeredo ficou com 320.000, o tal Lima com outra parcela do mesmo valor e Michel Temer com 640.000.

Reprodução Revista Veja
Detalhe de uma das planilhas anexada ao processo
Para se municiar dessas informações, Erika Santos entrou no computador pessoal de Azeredo e copiou as planilhas de controle da divisão do dinheiro. É a cópia dos dados do computador que compõe o anexo.

Lê-se, ali, que as obras civis do terminal de grãos e do terminal ferroviário do Porto de Santos resultaram no pagamento de uma propina assim repartida: 780.000 reais para Azeredo, a mesma quantia para o tal de Lima e 1,56 milhão de reais para Temer. Nessa planilha, Marcelo de Azeredo sempre aparece como "MA", Michel Temer como "MT" e o tal de Lima apenas com um "L".

Em outro negócio, aparentemente relacionado ao lixo do porto, a planilha sugere que se trata de uma propina mensal. No caso, de 26.750 reais para MT e de 13.130 reais para cada um dos outros dois, MA e L. Há uma transação, cuja natureza não é especificada, na qual a empresa Rodrimar desembolsa 600.000 reais. Na lista do computador, consta que Michel Temer ficou com a metade, 300.000 reais, e os outros receberam 150.000 reais cada um. Ao lado das iniciais de Temer, aparece a observação: "+ 200.000 p/ camp", que os advogados, na minuta do processo, afirmam tratar-se de 200.000 reais para a campanha eleitoral do deputado. Essa contribuição não consta da prestação oficial de contas que Temer entregou à Justiça Eleitoral referente ao pleito de 1998.

Na época, o então deputado Michel Temer informou a Veja, que quando soube do conteúdo do processo procurou Azeredo.

"Isso me embaraça", declarou Temer. Em seguida, o deputado disse que não lhe interessava a natureza da relação de Azeredo com Erika, mas que se o assunto viesse a público ele, Temer, entraria com uma queixa-crime contra a mulher. Poucos dias depois Erika Santos comunicou ao juiz da 3ª Vara da Família que estava desistindo do processo, mas para Temer era tarde demais.

Pela lei, sempre que um juiz, no boje de um processo, achar indícios de um outro crime qualquer está obrigado a enviar o material ao Ministério Público, dando continuidade aos procedimentos rotineiros de investigação.

Depois de toda uma saga e encaminhamentos o inquérito preliminar feito pela Polícia Federal acabou chegando ao Supremo Tribunal Federal, em setembro do ano passado, para a realização do inquérito, em virtude do direito de foro privilegiado que dispõem o vice-presidente.

Ao encaminhar o papelório ao STF, a procuradora Federal de Santos, Juliana Mendes Daun diz textualmente que "Temer figura efetivamente como investigado neste apuratório".

Parte disso aconteceu durante a campanha eleitoral. Temer, então Presidente Nacional do PMDB e da Câmara dos Deputados, escolhido para formar chapa com Dilma Rousseff, acabou sendo “eleito” para o segundo cargo mais importante da republica sem que os eleitores soubessem desse seu passado de propineiro de cais do porto.
Foto: Reuters

terça-feira, 5 de abril de 2011

STJ autoriza progressão sem exame criminológico

Por Fernando Porfírio
O Superior Tribunal de Justiça reformou mais uma decisão da câmara mais rigorosa e dura do Tribunal de Justiça de São Paulo. A 5ª Turma do STJ, por maioria, concedeu Habeas Corpus para favorecer Edimilson Alves Cardoso, contrariando decisão anterior da 4ª Câmara Criminal do TJ paulista. Em debate: a progressão de regime prisional sem a necessidade de exame criminológico.
Condenado, Edimilson teve negado pela turma julgadora do TJ paulista o direito de progredir de regime prisional. O fundamento para negar a reclamação foi o fato do detento não ter sido submetido a exame criminológico. A tese foi sustentada pelo relator, desembargador Luis Soares de Mello e acompanhada pelos desembargadores Euvaldo Chaib e Salles Abreu.
O relator do HC, no Superior Tribunal de Justiça, desembargador convocado Adilson Vieira Macabu, entendeu que o exame criminológico pode ser necessário em algumas situações, mas já não é obrigatório nos termos da Lei de Execução Penal em vigor.
Em primeira instância, Edimilson obteve do juiz da execução decisão favorável à progressão do regime de cumprimento da pena. De acordo com o juiz, o exame criminológico não era necessária, pois não havia relato de nenhum fato anormal em relação ao preso. Ao contrário, a direção do presídio informou que o detento, cumprindo pena desde 2003, nunca cometeu nenhuma infração disciplinar e voltou de todas as saídas temporárias.
A decisão do juiz foi reformada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo que, ao julgar recurso do Ministério Público, determinou o retorno do preso ao regime fechado até que se comprovasse, por meio de exame criminológico, o preenchimento dos requisitos para a progressão.
Para a turma julgadora do Tribunal de Justiça de São Paulo, a prudência não recomendava a progressão de regime para o sentenciado. “Afinal, trata-se de sentenciado cumprindo pena por crime extremamente grave, gravíssimo – latrocínio – que, indubitavelmente, coloca em desassossego a sociedade”, afirmou o desembargador paulista Luis Soares de Mello. “donde a cautela e prudência que devem nortear as decisões que eventualmente concedam progressão a esta espécie de condenado”, completou.
Dois dos cinco ministros da Turma consideraram que o exame deveria mesmo ser exigido, pois se trata de meio eficiente para avaliar as condições pessoais do preso e não é constrangedor ou invasivo, limitando-se a entrevista com um especialista. Autor do voto vencedor, Adilson Macabu considerou que o atendimento dos requisitos subjetivos da progressão não depende, necessariamente, dessa entrevista.
Para o desembargador convocado, a decisão do juiz de primeiro grau foi suficientemente fundamentada nas informações favoráveis oferecidas pela direção do presídio. Quanto ao requisito objetivo, observou que o preso já havia cumprido um sexto da pena, conforme exige a lei. Já a decisão do TJ-SP, segundo o desembargador, está fundamentada apenas na gravidade do crime, “em flagrante contrariedade” com o disposto no artigo 112 da Lei de Execução Penal, cuja redação atual foi dada pela Lei 10.792/2003. Diz esse artigo que “a pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão”. O parágrafo primeiro exige que a decisão seja motivada e precedida por manifestação do Ministério Público.
“Não afasto a possibilidade de realização do referido exame e não vejo óbice à sua realização, quando necessário. Por outro lado, dentro da nossa atual sistemática legal, tal exame não é mais obrigatório”, afirmou o desembargador convocado.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mensalão:A anatomia do valerioduto

ÉPOCA obteve o relatório final da Polícia Federal sobre o caso do mensalão. Ele revela que o dinheiro usado por Marcos Valério veio dos cofres públicos e traz novas provas e acusações contra dezenas de políticos

Diego Escosteguy.
Com Mariana Sanches, Murilo Ramos, Humberto Maia Junior, Danilo Thomaz, Marcelo Rocha, Andrei Meireles e Leonel Rocha
Fonte: Revista Época
Foto: Revista Época
O OPERADOR Marcos Valério, o artífice do mensalão, em 2007. Mais de cinco anos depois, a polícia concluiu a investigação sobre o maior escândalo de corrupção do governo Lula
Imagem Revista Época
Era uma vez, numa terra não tão distante, um governo que resolveu botar o Congresso no bolso. Para levar a cabo a operação, recorreu à varinha de condão de um lobista muito especial, que detinha os contatos, os meios e o capital inicial para fazer o serviço.

Em contrapartida, o lobista ganharia contratos nesse mesmo governo, de modo a cobrir as despesas necessárias à compra. Ganharia também acesso irrestrito aos poderosos gabinetes de seu cliente, de maneira a abrir novas perspectivas de negócios. Fechou-se o acordo -e assim se fez: o lobista distribuiu ao menos R$ 55 milhões a dezenas de parlamentares da base aliada do governo. O governo reinou feliz para sempre.

Mas somente por dois anos. Há seis anos, em junho de 2005, pela voz do vilão e ex-deputado Roberto Jefferson, a fantástica história do maior escândalo de corrupção já descoberto no país, conhecido como mensalão, veio a público. O governo quase ruiu.

Seu líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que “devia desculpas” ao país. Os dirigentes do PT, o partido responsável pelo negócio com o lobista, caíram um após o outro, abalroados pelas evidências de que, não, aquela não era uma história de ficção: era tudo verdade.

Sobrevieram as investigações de uma CPI (a última que chegou a funcionar efetivamente no país) e a enfática denúncia do procurador-geral da República, que qualificou o grupo como uma “organização criminosa”, liderada pelo primeiro-ministro informal desse governo, o petista José Dirceu.

A realidade dos fatos abateu-se sobre as lideranças do partido. Tarso Genro, um deles, falou em refundar o partido. Lula pediu desculpas mais uma vez. O então deputado José Eduardo Cardozo reconheceu que houve mensalão, e que era preciso admitir os fatos.

Parecia que haveria um saudável processo de depuração ética em Brasília. Parecia. Os anos passaram, e a memória dos fatos esvaiu-se lentamente, carregada pelo esforço dos mesmos líderes petistas de reconfigurar o que acontecera através das lentes da má ficção.

Dirceu começou a declarar que não houve compra de votos. Petistas disseram que o esquema não fazia sentido, uma vez que, como eram governistas, não precisariam receber dinheiro para votar com o governo -esquecendo que o valerioduto também contemplava o pagamento de campanhas políticas com dinheiro sujo.

Delúbio Soares, o tesoureiro que coordenou os pagamentos, disse que tudo se tornaria piada de salão. Agora, obteve apoio para voltar ao partido, de onde fora expulso quando era conveniente a seus colegas. Por fim, quando estava prestes a terminar seu mandato, Lula avisou aos petistas: “O mensalão foi uma farsa. Vamos provar isso”.
Imagem Revista Época
• São as voltas que o planeta político dá. Em Brasília, como se percebe, ele gira com especial rapidez. José Eduardo Cardozo agora é ministro da Justiça. Foi sob o comando dele que a Polícia Federal produziu sigilosamente um documento devastador, cujas 332 páginas resultam demolidoras para muitos dos próceres da República.

Trata-se do relatório final da Polícia Federal sobre o caso do mensalão, que encerra oficialmente os seis anos de extensas investigações conduzidas por delegados, agentes e peritos especializados no combate ao crime organizado. A peça já está sobre a mesa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e deverá seguir em breve para o gabinete do ministro Joaquim Barbosa, o relator do caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

Liderada pelo policial Luís Flávio Zampronha, delegado que coordena o caso desde o início e integra a divisão de Repressão a Crimes Financeiros, a PF vasculhou centenas de contas bancárias, esmiuçou dezenas de documentos internos das empresas envolvidas no esquema e ouviu cerca de 100 testemunhas.

Produziu-se esse minucioso trabalho por determinação do ministro Joaquim Barbosa. O objetivo era produzir provas acerca dos pontos que não haviam sido contemplados nas investigações da CPI dos Correios e da Procuradoria-Geral da República. As dúvidas dividiam-se em três perguntas elementares:

1. O mensalão foi financiado com dinheiro público?

2. Houve mais beneficiários do valerioduto?

3. Qual era o limite da influência de Marcos Valério no governo petista?

A investigação da PF dissolve essas incertezas -e faz isso com muitas, muitas provas. A resposta às duas primeiras perguntas é sim, sem dúvida. A resposta à terceira? Nenhum. Não há mais argumentos falaciosos, teses descabidas ou teorias conspiratórias que permitam ignorar os fatos colhidos pela PF.

Derrubam-se, assim, os mitos que setores do PT, sobretudo sob a liderança moral e simbólica do presidente Lula, tentaram impor à opinião pública. O mensalão não foi uma farsa. Não foi uma ficção. Não foi “algo feito sistematicamente no Brasil”, como chegou a dizer o ex-presidente.

O mensalão, como já demonstravam as investigações da CPI dos Correios e do Ministério Público e agora se confirma cabalmente com o relatório da PF, consiste no mais amplo (cinco partidos, dezenas de parlamentares), mais complexo (centenas de contas bancárias, uso de doleiros, laranjas) e mais grave (compra maciça de apoio político no Congresso) esquema de corrupção já descoberto no país.

O significado político e, sobretudo, simbólico do fim desse debate é enorme -e pode alterar os rumos do processo do mensalão no STF, que até o momento tendia para uma vagarosa morte jurídica.

Ao responder ao que lhe foi pedido, a PF avança ainda mais. Eis as principais descobertas expostas no relatório:

■Chegou-se, finalmente, ao elo mais grave do esquema do valerioduto: a conexão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O segurança Freud Godoy, que trabalha com o petista desde a campanha de 1989 e desfruta a intimidade da família de Lula, confessou à PF que recebeu R$ 98 mil de Marcos Valério. Disse que se tratava de pagamento dos serviços de segurança prestados a Lula na campanha de 2002 e durante a transição para a Presidência;

■Os peritos da PF rastrearam o envolvimento de mais grão-políticos no esquema. Direta ou indiretamente, seja por meio de assessores ou de familiares, em campanhas políticas ou no exercício do mandato, receberam dinheiro do valerioduto políticos poderosos, como o minis-tro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, do PT, e o eterno líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá, do PMDB. Descobriu-se também, ou se conseguiu confirmar, a participação de mais sete deputados federais, dois ex-senadores e um ex-ministro (leia a nova lista do esquema abaixo);
Imagem Revista Época

Imagem Revista Época
■O banqueiro Daniel Dantas, que participava de uma das mais renhidas e bilionárias disputas societárias do Brasil -e que, para resolver seus problemas, precisava desesperadamente de aliados no Palácio do Planalto -, tentou mesmo garantir o apoio do governo petista por intermédio de dinheiro enviado às empresas de Marcos Valério. Depois de se reunir com Dirceu, então ministro da Casa Civil, Dantas recebeu de Delúbio um pedido especial de ajuda financeira: US$ 50 milhões.

Segundo a PF, a propina foi aceita. Pouco antes de o mensalão vir a público, uma das empresas controladas pelo banqueiro fechou contratos fajutos com Valério -apenas para que houvesse um modo legal de depositar o dinheiro. Houve tempo suficiente para que R$ 3,6 milhões fossem repassados ao publicitário. Encaminhou-se esse total a doleiros, mas a PF ainda não descobriu os reais beneficiários do dinheiro;

■São comprovadamente fajutos os empréstimos que, segundo a defesa de Marcos Valério, explicariam a origem do dinheiro do mensalão. Esses papéis serviram somente para dar cobertura jurídica a uma intrincada operação de lavagem de dinheiro. Apurou-se que houve duas fontes de recursos para bancar o mensalão e as demais atividades criminosas de Marcos Valério.

Uma, a principal, qualificada pela PF de “fonte primária”, consistia em dinheiro público, proveniente dos contratos do publicitário com ministérios e estatais. O principal canal de desvio estava no Banco do Brasil, num fundo de publicidade chamado Visanet, destinado a ações de marketing do cartão da bandeira Visa.

As agências de Marcos Valério produziam algumas ações publicitárias, mas a vasta maioria dos valores repassados pelo governo servira tão somente para abastecer o mensalão. A segunda fonte de financiamento, chamada de “secundária”, estipulava que Marcos Valério seria ressarcido pelos pagamentos aos políticos por meio de contratos de lobby com empresas dispostas a se aproximar da Presidência da República.

Foi o caso do Banco Rural, que tentava obter favores do Banco Central e do banqueiro Daniel Dantas, que precisava do apoio dos fundos de pensão das estatais.

Das dezenas de novos beneficiários identificados, o mais representativo é Freud Godoy. O segurança pessoal de Lula ficou conhecido na campanha de 2006, quando recebeu de Lula a alcunha de Aloprado, em razão de seu envolvimento com a turma que foi presa num hotel de São Paulo, tentando comprar um dossiê contra o tucano José Serra. (Às vésperas daquelas eleições, a PF divulgou uma foto exibindo seis vistosos pacotes de dinheiro em cima de uma mesa. Nunca se descobriu a origem do dinheiro.)

Freud não é apenas segurança de Lula. É amigo do ex-presidente, relação que nasceu nos anos 80 e sobrevive até hoje. Até o episódio dos aloprados, onde quer que Lula estivesse, lá estava Freud. Não era uma sombra barata. Em 1998, Freud profissionalizou seus serviços e criou uma empresa.

No escândalo dos aloprados, descobriu-se que essa empresa, a Caso Comércio, recebeu R$ 98 mil da SMP&B, uma das agências de Marcos Valério. O pagamento dera-se em 21 de janeiro de 2003. Diante dos milhares de operações bancárias nas contas do publicitário, poderia haver uma explicação plausível e legal para a transação. Algum serviço poderia ter sido prestado normalmente. Quando essa informação veio a público, porém, Freud e Marcos Valério silenciaram sobre o motivo do pagamento. Restou a suspeita de que haveria alguma ilegalidade.

Os delegados da PF foram atrás de Freud -e ele narrou, em depoimento, que o dinheiro serviu para cobrir parte dos R$ 115 mil que lhe eram devidos pelo PT, em razão dos serviços prestados durante a campanha presidencial de 2002. Segundo Freud, tratava-se de despesas de “segurança, alimentação, transporte e hospedagem de equipes de apoio”.

O segurança contou que, após a campanha, foi ao comitê eleitoral do PT cobrar a dívida. Os responsáveis pelo comitê, cujos nomes Freud não revela, deram-lhe o número de telefone de uma empresa que resolveria a pendência. Ele ligou e descobriu que se tratava da SMP&B. “Jamais mantive contato com Marcos Valério”, disse Freud à PF. Os funcionários de Marcos Valério pediram que ele lhes fornecesse uma nota fiscal.

Ato contínuo, Freud recebeu o cheque de R$ 98 mil pelos Correios. O segurança afirmou que não havia contrato entre sua empresa e o PT, nem qualquer registro contábil das despesas. Em suma: um amigo de Lula, que sempre prestou serviços a ele, recebeu dinheiro ilegal para pagar suas despesas trabalhando para o ex-presidente. É a primeira vez em que se descobre uma ligação direta entre o esquema de Marcos Valério e alguém da intimidade de Lula.
Foto: Revista Época
LADO A LADOO ex-presidente Lula caminha na Granja do Torto na companhia de seu segurança Freud Godoy, em dezembro de 2002, na transição de governo. Freud era, na ocasião, remunerado por Marcos Valério
Marcos Valério detinha uma capacidade espantosa de unir amigos e dinheiro. Sabia como conquistar os poderosos -ou conquistar amigos dos poderosos. Deu dinheiro ao amigo de Lula, o ex-presidente, e também a um grande amigo da atual presidente, Dilma Rousseff. Fernando Pimentel conhece Dilma desde os tempos de luta armada contra o regime militar.

Mineiros, ambos militaram juntos, dividindo aparelhos e ideais. A presidente confia a tal ponto em Pimentel que delegou a ele parte da coordenação política de sua campanha presidencial. Não se arrependeu. Hoje, como ministro do Desenvolvimento e confidente de Dilma, Pimentel ocupa espaço no primeiro time da Esplanada.

Quando eclodiu o mensalão, surgiram suspeitas de que Rodrigo Barroso Fernandes, tesoureiro de sua campanha vitoriosa à prefeitura de Belo Horizonte, em 2004, recebera dinheiro do valerioduto. Naquele momento, quando as denúncias se sucediam em turbilhão, a suspeita diluiu-se em meio a tantas outras.
METAMORFOSE AMBULANTE
Ao longo de seu governo, o ex-presidente Lula mudou sua retórica sobre o escândalo. Passou da indignação à negação

"Não interessa se foi A, B ou C, todo o episódio foi como uma facada nas minhas costas" - Lula, em dezembro de 2005, sobre o episódio do escândalo do mensalão

"Mensalão é uma farsa" - Lula, em conversa com José Dirceu durante o café da manhã no Palácio da Alvorada em 18 de novembro de 2010. Na ocasião, o ex-presidente avisou que quando deixasse o governo iria trabalhar para desmontar o mensalão

A PF, contudo, perseguiu a pista. Rastreando as contas do valerioduto, os investigadores comprovaram que o assessor de Pimentel recebeu um cheque de R$ 247 mil de uma das contas da SMP&B no Banco Rural. Quando? Em 12 de agosto de 2004, período em que a campanha de Pimentel começava a engrenar.

Ouvido pelos delegados, Rodrigo Barroso se recusou a dar explicações. Preferiu o silêncio. Diante disso, a PF recomendou ao procurador-geral da República que processe o assessor, ao menos, por lavagem de dinheiro. Segundo a PF, as evidências sugerem fortemente que a campanha do ministro Pimentel tenha sido financiada com dinheiro do valerioduto. Pimentel afirmou que não comentaria o caso sem antes ler o relatório.
Imagem Revista Época
Dinheiro para pagar campanha era artigo abundante no valerioduto. Nas eleições de 2004, além de Pimentel, Marcos Valério, naturalmente por ordens do comando do PT, repassou recursos a duas outras candidaturas do partido em São Paulo: a de Emídio de Souza à prefeitura de Osasco (R$ 189 mil) e a do hoje deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, à prefeitura de São Bernardo do Campo (R$ 17 mil).

Entre os novos beneficiários do PT, a PF descobriu uma militante que trabalhou para Ivan Guimarães, então presidente do Banco Popular, que pertence ao Banco do Brasil. A funcionária, Renata Maciel, sacou R$ 150 mil na agência do Rural, em plena Avenida Paulista. A operação aconteceu em novembro de 2004, logo após o período eleitoral. Em seguida, ela passou a trabalhar numa joalheria que pertencia a Ivan Guimarães.

Há muito mais operações de caixa dois em eleições, como no PT de Alagoas. Mais incomuns são casos como os do ex-ministro Pimenta da Veiga e do deputado José Mentor, que receberam uma dinheirama do valerioduto, disseram que prestaram serviços a ele como advogados -mas não convenceram a PF.

O segredo para os investigadores desvendarem as engrenagens de lavagem de dinheiro armadas pela quadrilha de Marcos Valério está nas contas do publicitário que recebiam recursos do fundo Visanet, em tese destinado ao marketing de cartões da bandeira Visa.

Somente no governo Lula, o fundo repassou R$ 68 milhões às agências de Marcos Valério. Ao analisar os milhares de transações bancárias do esquema, os peritos perceberam que a saída de dinheiro para os políticos coincidia com a entrada de recursos desse fundo, liberados pelo Banco do Brasil.

A partir dessa descoberta, foi possível rastrear o caminho do dinheiro: ele saía de duas contas de Marcos Valério no Banco do Brasil, transitava pelo Banco Rural e, em seguida, era repassado aos beneficiários reais (leia o quadro “Os novos beneficiários”). Essa mesma linha de investigação possibilitou a descoberta de recursos desviados a parentes de políticos, como o irmão do senador Romero Jucá e o genro do ex-senador Marco Maciel, do DEM.

O JUIZ DO CASO O ministro Joaquim Barbosa, em seu gabinete no Supremo. Ele recebeu o resultado das investigações da PF e é o relator do processo do mensalão
O relatório da PF demonstra que, dos cerca de R$ 350 milhões recebidos pelas empresas de Valério do governo Lula, os recursos que mais se destinaram aos pagamentos políticos tinham como origem o fundo Visanet. Pela falta absoluta de controles internos no banco, esse fundo permitia desvios com mais facilidade.

Para completar, o banco costumava adiantar os recursos antes que quaisquer serviços fossem prestados. Diz o relatório: “O adiantamento de recursos vinculados ao Visanet configurava, assim, uma das principais fontes de recursos do esquema montado por Marcos Valério para o financiamento político e consequente montagem de redes de influência, vez que o desvio desta verba era facilitada pela total inexistência de qualquer contrato formal para sua execução, bem como pela ausência de formalização de instrumento, ajuste ou equivalente para disciplinar as destinações dadas aos adiantamentos oferecidos às agências de publicidade”.

A pedido do ministro Joaquim Barbosa, a PF desvendou um dos mistérios mais estranhos do governo Lula: a relação do banqueiro Daniel Dantas com o PT. Antes de chegar ao poder, os líderes do partido sempre combateram a gestão de Dantas à frente do grupo que coordenava os investimentos dos principais fundos de pensão do país.

Quando Lula assumiu, Dantas estava envolvido numa briga aberta para manter o controle desses investimentos, sobretudo da Brasil Telecom, um gigante do mercado de telefonia. O PT passou, então, a emitir sinais conflitantes sobre que lado assumiria nessa disputa.

Alguns integrantes do governo articulavam para derrubá-lo, enquanto outros hesitavam em tomar lado. Em depoimento à PF, Dantas disse que, em meio a esse cenário ambíguo, foi convocado pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu, para uma reunião no Palácio do Planalto.

Segundo Dantas, o encontro deu-se no dia 4 de maio de 2003. Na reunião, Dirceu teria dado sinal de uma oportunidade de conciliação com Dantas e encarregado o então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, de manter diálogo com o banqueiro.

Onze dias depois, Carlos Rodemburg, sócio de Dantas, encontrou-se com Marcos Valério e Delúbio Soares no hotel Blue Tree, em Brasília, na suíte do tesoureiro do PT. De acordo com o depoimento do sócio de Dantas, Delúbio disse que o partido estava com um “deficit”de US$ 50 milhões -e pediu dinheiro. Não foi dito abertamente, mas o subtexto era evidente: se Dantas pagasse, teria ajuda do governo para se manter à frente de seus negócios.

À PF, Dantas disse que se negou a pagar. Procurado por ÉPOCA, Dantas confirmou, por meio de sua assessoria, o que afirmara em seu depoimento -inclusive o pedido de “ajuda”de Delúbio. E deu suas razões para não ter aceitado a oferta: “O Opportunity (banco comandado por Dantas) era gestor do fundo de investimentos que abrigava recursos do Citigroup. O banco americano foi consultado. A decisão do Citigroup foi informar que não tinha como ajudar”. Também afirmou que, depois de Rodemburg informar Delúbio da negativa, passou a ser perseguido pelo governo.

Dois anos depois, não se sabe por que, a Brasil Telecom, empresa ainda controlada por uma subordinada de Dantas, celebrou dois contratos com a agência DNA, de Marcos Valério, cada um deles no valor de R$ 25 milhões. Os depoimentos dos funcionários da Brasil Telecom à PF revelam que os contratos foram fechados em poucos dias, sem que ninguém da área de marketing soubesse dos motivos das pressa, nem sequer que serviços seriam prestados.

Semanas depois, sobreveio o escândalo do mensalão. Apenas R$ 3,6 milhões foram efetivamente repassados às contas de Marcos Valério. Ao rastrear o dinheiro, a PF verificou que os recursos chegaram a doleiros paulistas -e ainda não descobriu a identidade dos beneficiários finais.

Para os investigadores, os destinatários foram indicados pela turma do PT e do publicitário Marcos Valério. Na resposta que enviou por meio de sua assessoria, Dantas omitiu a existência desses contratos. Afirma o relatório: “Os contratos (...) foram celebrados apenas com o objetivo de conferir a fachada de legalidade necessária para a distribuição de recursos, na forma de doações clandestinas ou mesmo suborno, negociados ao longo de dois anos entre os representantes dos grupo Opportunity e do Partido dos Trabalhadores, sempre com a indelével intermediação do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza”.

As provas reunidas pela PF constituem a última esperança do ministro Joaquim Barbosa e da Procuradoria-Geral para que o Supremo condene os réus do mensalão. Nos últimos anos, as opiniões dos ministros do STF sobre o processo modularam-se ao ambiente político -que, sob a liderança simbólica e moral do ex-presidente Lula, fizeram o caso entrar num período de hibernação.

Alguns ministros, que em 2007 votaram por acatar a denúncia do Ministério Público, agora comentam reservadamente que as condenações dependem de “mais provas”. Hoje, portanto, o Supremo se dividiu. Não se sabe o desfecho do processo.

Sabe-se apenas que, quanto mais tempo transcorrer, maior a chance de absolvição dos mensaleiros. Se isso acontecer, a previsão feita por Delúbio Soares, num passado não tão remoto, num país não tão distante, vai se materializar: o mensalão virará piada de salão. Será o retorno da ficção: era uma vez um país sério.

domingo, 3 de abril de 2011

(CNJ) Justiça ao Jovem: resultado em Minas

Renata Caldeira AUDIÊNCIA PÚBLICA - Justiça ao Jovem do CNJ apresenta resultados na Corregedoria
AUDIÊNCIA PÚBLICA - Justiça ao Jovem do CNJ apresenta resultados na Corregedoria
O programa Justiça ao Jovem, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), encerrou seus trabalhos em Minas Gerais em audiência pública realizada em 29 de março, na Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais. Ao abrir a audiência, o corregedor-geral de Justiça, desembargador Antônio Marcos Alvim Soares, destacou que as atividades da equipe do Justiça ao Jovem foram realizadas de forma “serena, sem que houvesse atropelos, impasses ou transtornos à regularidade dos serviços judiciários”.

A audiência pública foi acompanhada por juízes e servidores das comarcas visitadas pelo programa, além de profissionais da Secretaria de Estado de Defesa Social que atuam na Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase). Também estiveram presentes juízes auxiliares da Corregedoria e representantes da Defensoria Pública e da Ordem dos Advogados do Brasil/seção Minas Gerais.

O juiz auxiliar da Presidência do CNJ Daniel Issler, responsável pelo programa, destacou o comprometimento de todos os órgãos envolvidos nos trabalhos e lembrou que a intenção do CNJ é contribuir para a melhoria do atendimento aos adolescentes infratores que estão sob responsabilidade do Estado, sobretudo no sistema socioeducativo. “A intenção do CNJ é construir parcerias. Estamos abertos ao debate de novas idéias”, afirmou o juiz.

O secretário de Estado da Defesa Social, Lafayette Andrada, lembrou que o orçamento de que o Estado dispõe, muitas vezes considerado alto em relação a outras unidades federativas do país, dilui-se ao ser dividido entre os 853 municípios de Minas. Mas, segundo o secretário, “ao longo dos últimos oito anos, nenhum Estado investiu tanto na área”.

Ainda segundo o secretário, a melhoria do sistema socioeducativo tem sido priorizada com planejamento e seriedade. Ele destacou também as iniciativas efetivadas em parceria com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais nas áreas de segurança pública e defesa social, entre elas o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA/BH).

O secretário executivo da Coordenadoria da Infância e da Juventude e juiz auxiliar da Corregedoria, José Ricardo dos Santos Freitas Véras, elogiou o comprometimento dos profissionais envolvidos e enfatizou que o êxito do programa Justiça ao Jovem no Estado não seria possível “sem a interação de todas as instituições envolvidas”. O secretário executivo disse ainda que o trabalho na área juvenil “requer a sensibilização e o comprometimento dos magistrados das varas da infância e da juventude”.

Justiça ao Jovem em Minas

Com relação aos dados obtidos em Minas Gerais, o juiz Daniel Issler destacou o extenso território do Estado e sua ocupação regular, com municípios espalhados por todo o Estado, o que, reconhece, justifica as diferenças encontradas entre as comarcas visitadas pela equipe do Justiça ao Jovem.

O representante do CNJ contou que o programa, que já avaliou a situação do sistema socioeducativo em 19 Estados e no Distrito Federal, está na fase final e resultará num amplo relatório que possibilitará melhorias no atendimento judiciário ao adolescente. O juiz Daniel Issler falou da necessidade de constante treinamento das pessoas envolvidas com a área, defendeu a padronização da execução das medidas socioeducativas e alertou sobre a necessidade de reformas prediais em algumas unidades de internação.

O comprometimento dos profissionais que atuam com os jovens e a cooperação entre as instituições também foram destacadas pelo juiz Daniel Issler. Ele advertiu sobre a ocorrência, ainda que pequena, de jovens internados em instituições inadequadas ou além do tempo legal previsto, mas afirmou não ser obrigação exclusiva da Secretaria de Defesa Social cuidar para que isso não ocorra.

A equipe do CNJ foi composta por magistrados, servidores, pedagogos, psicólogos e assistentes sociais. Foram visitadas as comarcas de Belo Horizonte, Divinópolis, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Patrocínio, Pirapora, Ribeirão das Neves, Sete Lagoas, Teófilo Otoni, Uberaba e Uberlândia.

Após a apresentação dos resultados na audiência pública, os representantes do CNJ, os juízes das comarcas visitadas e servidores do Judiciário fizeram uma reunião de trabalho. O relatório final da visita, organizado por comarca e tema, será enviado ao Estado pelo CNJ.

Sistema agiliza julgamentos no TJMG

Rodrigo Vilaça THEMIS – Informatização da sessão de julgamento foi implantada na 3ª Câmara Cível da Unidade Goiás
THEMIS – Informatização da sessão de julgamento foi implantada na 3ª Câmara Cível da Unidade Goiás
O Sistema Themis, que informatiza os julgamentos, foi inaugurado na primeira câmara da Unidade Goiás do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG): a 3ª Cível hoje, dia 24 de março. Ao todo, foram colocados em pauta 87 processos – a maior pauta do Themis para uma primeira sessão. Com o sistema, as sessões de julgamento são mais céleres e o inteiro teor da decisão já fica disponível para as partes e advogados no momento em que for proferido o voto pela turma julgadora. A publicação do acórdão também é mais rápida, podendo até mesmo ocorrer no mesmo dia do julgamento.

O presidente da 3ª Câmara Cível, desembargador Kildare Carvalho, destacou que a implantação do sistema é um avanço no tempo. “Vamos acelerar a tramitação dos processos, afastando aquele que é o maior inimigo do juiz e das partes: o tempo”, afirmou. Segundo o magistrado, os desembargadores que compõem a 3ª Câmara Cível – além de Kildare Carvalho, Silas Vieira, Dídimo Inocêncio de Paula, Albergaria Costa e Elias Camilo – começaram a trabalhar com o Themis nos gabinetes no início de fevereiro.

Para Kildare Carvalho, o novo sistema vai reduzir o volume de papel e mudar a forma de executar as tarefas nos gabinetes. “O Themis representa agilidade e também segurança. É uma medida inovadora e de relevância para os cidadãos. Estamos honrados por termos sido escolhidos para a implantação inaugural na Unidade Goiás”, disse. O desembargador lembrou a experiência bem-sucedida do sistema Themis na Unidade Raja, onde ele já funciona em algumas câmaras desde 2010.

Implantação

Os desembargadores que participaram da sessão elogiaram a iniciativa do TJMG de adotar o Sistema Themis e destacaram como se sentiram honrados por darem início à implantação na Unidade Goiás.

A gerente do projeto de implantação do Themis no TJMG, Ana Paula Rodriguez, disse que o sistema muda as rotinas de gabinete e a dinâmica das sessões. “Assim que o julgamento de um processo termina, o inteiro teor da decisão já pode ser consultado pelos advogados ou pelas partes, em um computador localizado na sala da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”, detalha.

Durante a sessão, a pauta de processos vai sendo apresentada em uma tela na sala de julgamentos. Segundo Ana Paula, o sistema integra o trabalho de magistrados, gabinetes e cartórios, tornando o processo não apenas mais ágil, como mais transparente.

A previsão é de que a implantação do Sistema Themis, sob a supervisão do superintendente da área, o desembargador Fernando Caldeira Brant, seja concluído nas unidades Raja e Goiás até 2012.

TJPB acata ação do MP e decide pelo afastamento de servidores contratados sem concurso público


A Prefeitura do Município de Alagoinha terá 180 dias para afastar todos os servidores contratados a título de serviços prestados e que continuam na administração sem concurso público. Esta foi a decisão do Pleno do Tribunal de Justiça da Paraíba que, por maioria de votos, que julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), com pedido de liminar, impetrada pelo Ministério Público do Estado contra a Lei Municipal 086/1998, de Alagoinha. A sessão dessa foi presidida pelo desembargador Leôncio Teixeira Câmara,vice-presidente do TJ.
Na inicial, o órgão ministerial afirma que a Prefeitura Municipal contratou os servidores, sem prazo para a prestação de serviços, o que viola a regra constitucional, que impõe a prévia aprovação em concurso público para o ingresso na carreira de servidor público.
O  relator do processo, desembargador Marcos Cavalcante de Albuquerque, entendeu pela improcedência da Ação, declarando a constitucionalidade da Lei nº 086/1998 do município de Alagoinha, por estar em harmonia com a Constituição Estadual. “Sendo assim entendo não haver a presença de violação aos princípios republicano e da isonomia, previstos nos arts.1º e 5º da Constituição Federal, como requer o douto Ministério Público, tendo em vista que a norma de contratação temporária encontra-se prevista na própria Carta Magna de 1988 e na Constituição do Estado da Paraíba”, afirmou o relator-desembargador Marcos Cavalcante de Albuquerque.
O voto divergente e que fundamentou o entendimentos da maioria dos membros da Corte foi do desembargador Fred Coutinho, que reconheceu a inconstitucionalidade da Lei Municipal de Alagoinha. Ele ressalta, em seu entendimento, que a Lei 086/1998 não especifica a situação de excepcional interesse público, para que o prefeito municipal houvesse contratado os servidores temporários. “Pode-se concluir que a lei guerreada não cuidou como devia da tarefa de elencar as hipóteses de excepcional contratação temporária, lapso que tem por consequência  a transferência do encargo ao Chefe do Executivo”, disse Fred Coutinho.
Ainda segundo o desembargador Fred Coutinho, a contratação de agentes públicos pode conter ofensa aos princípios do concurso público, da moralidade e da impessoalidade. “A meu ver, o art. 1º, da Lei nº 086/1998 afigura-se flagrantemente inconstitucional, posto que, pela abertura de seu texto, permite o favorecimento de alguns poucos, frequentemente por interesse políticos, em uma inaceitável persistência da cultura da imoralidade”, concluiu.
Também acompanharam o voto divergente, os desembargadores Leôncio Teixeira Câmara, Márcio Murilo da Cunha Ramos, Saulo Henriques de Sá e Benevides, Manoel Soares Monteiro, José Di Lorenzo Serpa, José Ricardo Porto, Romero Marcelo da Fonseca, Joás de Brito Pereira e João Benedito da Silva. Os desembargadores Genésio Gomes Pereira Filho e Maria das Neves do Egito Duda Ferreira, acompanharam o voto do relator.
Por Clélia Toscano e Marcus Vinícius Leite

TJPE: Tribunal de Justiça abraça causa do autismo

Nesta quinta-feira (31), o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desembargador José Fernandes de Lemos, recebeu em seu gabinete representantes do Grupo de Estudos sobre Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (Getid) para discutir formas de apoio e divulgação dos sintomas e dos tratamentos do autismo.

E para auxiliar nesta tarefa de conscientização, a fachada do Tribunal de Justiça receberá iluminação especial nesta sexta-feira (1). Para comemorar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que é celebrado neste sábado (2), os refletores do TJPE receberam um gel especial na cor azul, que é a cor definida para o autismo. Outros prédios públicos do Recife também serão iluminados, como o Palácio do Campo das Princesas.

Considerada uma síndrome complexa, o autismo decorre de um grupo de desordens do cérebro. Também conhecido por transtorno invasivo do desenvolvimento (TID), o autismo apresenta como características principais a dificuldade na comunicação e na sociabilidade. “É importante que a sociedade se conscientize sobre essa síndrome, que atinge silenciosamente nossas crianças. O preconceito ainda atrapalha bastante o tratamento, que muitas vezes precisa ser multidisciplinar e intensivo”, afirmou a procuradora do Estado de Pernambuco e coordenadora do Getid, Izabel Cristina Moreira dos Santos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o autismo é mais comum em crianças do que doenças como diabetes e câncer. “O Poder Público deve atuar como parceiro no trabalho de divulgação e orientação, visto que uma sociedade consciente do transtorno seja o primeiro passo para encarar esse problema”, declarou a coordenadora do Getid. Ainda segundo a OMS, atualmente, mais de 70 milhões de pessoas apresentam sintomas do autismo no mundo.

Processo Judicial eletrônico começa a funcionar em Pernambuco

Assis Lima/TJPE Imagem
A implantação do PJe ocorreu no 24º Juizado das Relações de Consumo, a primeira unidade a utilizar o sistema

O projeto piloto de implantação do Processo Judicial eletrônico (PJe), sistema de distribuição e julgamento de processos por meio digital, foi lançado nesta quarta-feira (31), no 24º Juizado Especial das Relações de Consumo de Pernambuco, localizado no Fórum Thomaz de Aquino. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) foi a corte estadual escolhida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a implantação do sistema piloto no âmbito dos juizados especiais.

O presidente do Tribunal, desembargador José Fernandes de Lemos, que presidiu a solenidade de lançamento do projeto, ressaltou a mudança substancial que a implantação representa para a Justiça no Brasil. “Há 30 anos, quando comecei a atuar como juiz no interior de Pernambuco, as peças processuais ainda eram redigidas em máquinas de datilografar. Acompanhei a chegada dos primeiros computadores e agora, por meio do processo eletrônico, poderemos diminuir as dificuldades de acesso aos processos e acelerar o andamento das ações”, disse.

A utilização do PJe vai permitir que todas as fases do processo sejam realizadas via internet. Advogados, Defensoria Pública, Ministério Público, magistrados e partes poderão acessar os autos de uma ação em qualquer ponto do planeta por meio da rede mundial de computadores. De acordo com o conselheiro do CNJ, Walter Nunes, que esteve presente à solenidade de lançamento em Pernambuco, o processo eletrônico vai reduzir significativamente a burocracia no Judiciário. “Os advogados não precisarão ir ao fórum para consultar processos, o juiz não vai mais precisar levar volumes de processos para estudá-los em casa e poderá despachar e sentenciar em qualquer horário e de qualquer lugar”.

O conselheiro lembrou ainda que será necessário treinar servidores para a utilização do novo sistema, o qual não representa apenas a superação do paradigma do processo em papel, mas uma revolução na estrutura do Poder Judiciário. Também compareceu ao lançamento o conselheiro do CNJ, Felipe Locke Cavalcanti, desembargadores, juízes e servidores do TJPE.

O 24º Juizado Especial das Relações de Consumo será a primeira unidade a utilizar o sistema. Durante a solenidade, o advogado e conselheiro da seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil, Frederico Duarte, deu entrada em uma ação por meio da nova plataforma.

O PJe é utilizado atualmente nas varas cíveis federais do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), corte pioneira na utilização e na criação do sistema. Em março de 2010, o TJPE firmou parcerias de cooperação técnica para o desenvolvimento do novo sistema de Processo Judicial eletrônico com outros Tribunais, dentre eles o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5).

TJMA: Juizado Especial de Pedreiras tem o primeiro juiz titular


Presidente do TJMA, desembargador Jamil Gedeon, recebe termo de posse do juiz Luis Carlos Licar.

O juiz Luis Carlos Licar tomou posse nesta sexta-feira, 1º, como primeiro titular do Juizado Especial Cível e Criminal de Pedreiras. Inaugurado em dezembro do ano passado, o juizado já movimenta cerca de 9 mil processos, sendo 7 mil oriundos das três varas existentes na comarca de entrância intermediária.
Antes de ser removido para o novo juizado, Licar atuou como juiz nas comarcas de Paulo Ramos e Turiaçu, onde foi titularizado e permaneceu por mais de 10 anos. Como titular do 31º Juizado Especial do Maranhão, o magistrado será responsável pelas demandas judiciais da população de Pedreiras (39.481 habitantes – IBGE) e dos municípios de Lima Campos e Trizidela do Vale, termos judiciários da comarca, totalizando cerca de 70 mil pessoas.
Ao empossar o juiz, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Jamil Gedeon, disse que a titularização atende às reivindicações dos advogados, da população e órgãos judiciais da comarca. “É um reforço significativo para garantir uma prestação jurisdicional eficiente e rápida na região”, disse.
PEQUENAS CAUSAS – O Juizado Especial julga pequenas causas de até 40 salários mínimos e crimes de pequeno potencial, com pena máxima de 2 anos. Entre as ações que poderão ser ajuizadas, estão as de danos materiais, direito do consumidor, questões com empresas de telefonia, concessionárias de energia e água, processos de autoria de microempresas, execuções extrajudiciais e acidentes de trânsito (seguro DPVAT), além dos conflitos de vizinhança, despejo e indenizações por danos morais. Se o valor da causa exceder mais de 20 salários-mínimos, é necessária a contratação de advogado.
A equipe da nova unidade conta com os cargos de juiz de direito, secretário judicial, secretário substituto, conciliador, analista judiciário, oficial de justiça (2), técnico judiciário (3) e auxiliar judiciário (2).
O juizado está instalado no mesmo endereço das varas, no fórum de Pedreiras, na Rua das Laranjeiras, s/n, Goiabal. É dotado de gabinetes de juiz e secretário, sala de audiências e secretaria, e ocupa uma área totalmente reformada com recursos próprios da comarca, a um custo de R$ 8 mil, onde funcionava a Justiça Eleitoral, que foi transferida para um prédio vizinho.